Pioneiro em consultoria de moda masculina no Brasil, Alexandre Taleb participa do Vogue Fashion´s Nigth Out, no Manauara Shopping

Com indiscutível autoridade no mundo da moda masculina dentro e fora do país, o consultor de imagem e estilo Alexandre Taleb é uma daquelas pessoas para quem moda é algo subjetivo, embora também expresse a cultura de um tempo ou de um lugar. No entanto, o personal shopper da Bloomingdales, de Nova York, traçou uma carreira de sucesso ao interpretar as tendências de cor e estilo que dominam as mais diferentes temporadas e traduzi-las para o perfil de seus clientes.

Pioneiro em consultoria de moda masculina no Brasil, ele é um dos palestrantes do Vogue Fashion’s Night Out 2021, evento, que em parceria da Vogue Brasil com o Manauara Shopping, acontece nesta quinta-feira (7), a partir das 14 horas, no foyer (hall de entrada) do Teatro Manauara, com desfile de encerramento para convidados no espaço Buritizal, que será transmitido no canal do Manauara Shopping no Youtube (youtube.com/c/manauarashop).

Em entrevista realizada nesta semana, o renomado fashionista falou sobre moda enquanto cultura, subjetividade e imagem pessoal, sobre o desafio de falar de moda masculina em um país conservador e também sobre o Manauara Shopping, na qual ele fará o talk “Quem aprende a se vestir dá passos importantes para ser-sucedido”. O evento palestra inicia às 19h e é precedido pelo talk “A maquiagem moderna que trata e embeleza”, do consultor de O Boticário, Sadi Consati. Os talks serão abertos ao público e com entrada gratuita.

Confira a entrevista:

*Por muito tempo e talvez até hoje, a moda foi tida como algo supérfluo, fútil. Como profissional de moda, como você lida com essa questão? *

Sim, tem pessoas que acham a moda fútil. Mas vamos tirar o nome ‘moda’ e colocar o nome ‘imagem’. Você vai fazer um trabalho, você está com uma roupa bacana, isso vai abrir portas pra você. Então como pode ser fútil com algo que vai abrir portas pra você? Vai abrir trabalhos. Você pode estar desempregado, mas se você investe numa boa roupa, você pode conseguir um novo emprego, um novo relacionamento…

*De onde veio sua paixão pela moda e como você começou? *
Eu ingressei no mundo da moda desde pequeno, com 11 anos de idade eu já tinha um olhar diferente, eu olhava para as pessoas e já analisava como elas se vestiam. O que aquela roupa significava pra ela. O ponto chave pra mim foi quando tinha 8 anos de idade, que eu entrei na moda já com um olhar meu, sempre diferenciado. Eu gostava de observar as pessoas, mas não observar com aquele olhar crítico, e sim (de) observar cada um sendo um. Por que não uma pessoa sair com uma camisa de bola e uma calça xadrez? Para alguns pode ser cafona, pra mim não é. Na verdade é um estilo único, é uma pessoa diferente, ou essa mesma pessoa que esteja essa roupa ‘diferente’, pode olhar pra uma outra pessoa e pensar: ‘Nossa que pessoa cafona’. Então, são pessoas que tem estilos diferentes, e cada um pela moda coloca isso pra fora.

*O evento Vogue Fashion’s Night Out 2021 é o segundo grande evento da Vogue Brasil no Manauara Shopping. Qual a importância que você vê em fomentar a moda na Amazônia? *

Nossa, vocês não têm ideia do que isso é importante, não só pra Manaus ou pra Amazônia como pro Brasil. Você está trazendo informação de moda, moda é cultura. As pessoas se vestem para serem observadas, e as pessoas gostam de serem observadas quando entram em lugar, que observem que elas estejam bem vestidas, diferentes. É um evento desse como da Vogue traz muita informação, não só pro pessoal de moda, como de cultura, e ajuda também nesse networking.

Você vai num evento desse, você encontra um amigo que não vê há muito tempo, você tem uma informação que nunca pensou. Vou dar um exemplo: hoje em um desfile realizado, eu coloquei uma das roupas, que é um homem que estava de paletó, algo muito tradicional, e que ao mesmo tempo é um tecido que não amassa, e não tem forro, então traz uma informação a mais pro homem que até então ele não sabia. Um paletó, um blazer, que ele pode usar com um jeans, com uma peça mais informal, ele pode colocar numa mala que não amassa. Então, olha só que importante um evento como a Vogue que vai ter um desfile, que vai passar informações sobre determinadas peças de roupas, que aquele homem não sabia que existia. Então, isso é extraordinário a Vogue estar aqui em Manaus.

*A moda reflete o gosto das pessoas, mas também a cultura vigente. O que é moda para você?*

A moda pra cada pessoa é uma coisa, moda é consumo, moda é vida. Moda é a pessoa mostrar pros outros quem ela é. Então quando a gente fala de moda, cada pessoa pensa de um jeito, mas em poucas palavras moda é consumo.

*O Brasil é um país um tanto conservador, principalmente em relação à cultura masculina. Você foi um dos pioneiros ao tratar dessa questão de consultoria de estilo para homens. Foi um desafio para você? Como você superou isso?*

O meu maior desafio foi querer falar de moda masculina no Brasil, que sempre teve um ar muito tradicional, as pessoas não gostavam, não queriam, somente a moda feminina que ia pra frente. Então o meu desafio foi: vamos falar de moda masculina sem ser algo muito crítico, sem ser algo muito fechado, e sim com aquela cabeça aberta. Existem várias pessoas, cada um com seu estilo, cada um tem sua vida.

*Para muita gente, a moda é uma regrinha, mas quebrar essas regras também faz parte do jogo. Para você, idade define estilo de roupa?*

Estamos vendo o seguinte, uma mudança. As pessoas estão morrendo mais tarde, as pessoas estão investindo na sua saúde, em alimentos mais orgânicos e naturais, deixando de fumar e beber em excesso. As pessoas estão envelhecendo menos, e isso acaba mudando também o jeito da roupa e tudo mais. Antigamente, você falava de um homem de 60 anos, num ‘tiozinho’ com roupa de ‘tiozinho’. Hoje, você vê esse mesmo homem com uma roupa fashion, jovem. Então, os homens estão se vestindo diferentes sim, estão vivendo mais e as pessoas estão mais jovens, e tendo uma cabeça e corpo mais jovem, ela vai colocar também uma roupa que a deixe mais jovem e melhor.

*Manaus é um grande centro de consumo e também uma cidade com um quê de exótico, de diferente, que atrai olhos de todo o mundo. Você crê que estamos entrando na rota da moda, ou de certa forma, virando tendência dentro da moda brasileira ou mundial?*

O elemento que vocês mais têm na Amazônia é o indígena, que você lembra o que? Folhas, você lembra algum acessório que tenha madeira, isso já é tendência no Brasil todo. Em qualquer marca, do Sul ao Norte, de acessórios e tudo mais, você sempre vai encontrar alguma coisa que tenha a ver com a cultura da Amazônia. Então sim, muitas coisas da Amazônia são tendências no Brasil todo e a gente sabe que muitas coisas vão para fora do Brasil também.

*Moda masculina. Os homens estão mais flexíveis, qual sua opinião quanto a isso?*

Sobre os homens estarem mais flexíveis quanto às cores, sim e não. Primeiro, o homem brasileiro ele é mais tradicional, mas ao mesmo tempo, ele está muito aberto com o que está acontecendo no momento. As pessoas estão usando mais cores no verão? Mais cores. As pessoas estão mais alegres? Então isso acaba influenciando mesmo a vida do homem tradicional. Ele está parando só de usar aquele branco, preto e cinza no armário, e colocando algumas peças diferentes. Por que não? Ele pode colocar uma bermuda azul marinho e uma camisa verde. Pode colocar uma calça bege, com uma camisa rosa e por aí vai.

*O amazonense, muitas vezes, quer uma oportunidade para usar uma roupa mais quente, o que só acontece, se acontecer, alguns dias no ano. Você crê que roupas de moda inverno podem ser usadas na Amazônia?*

Vamos explicar o seguinte: o Brasil é um país tropical, aí você pensa: Poxa, mas no Sul do Brasil faz frio. Sim, mas o frio que ele faz às vezes é somente 10 dias ou uma semana. O frio no Brasil não é igual em outros países da Europa ou Estados Unidos que ficam mais de seis meses no frio. Então, eu procuro sempre falar pros meus clientes não investirem muito em roupas de inverno, porque você usa muito pouco. Mas vamos supor, um cliente vai comprar uma calça de sarja, ele pode usar essa peça na Amazônia, no calor e pode usar essa mesma calça no inverno, no sul do Brasil. Então, algumas peças podem ser adaptadas. Ou por exemplo, quando você vai no cinema quando o clima é mais frio devido ao ar-condicionado, você até pode usar uma malha ou casaco. Então, algumas peças podem ser adaptadas em alguma ocasião.

*O estilo é algo muito pessoal, mas tem gente que tem dificuldade de encontrar o seu. Como encontrar o seu próprio estilo?*

Bom, existem sete estilos universais, têm homens que são mais tradicionais, outros elegantes, outros esportivos, e por aí vai. Cada homem tem seu estilo, e cada homem tem seu estilo de vida também. Tem pessoas que gostam de usar roupas coloridas, essas têm um estilo mais informal, elas gostam de roupas mais largas etc. Então, eu diria que cada pessoa já tem o seu estilo e cada estilo combina com o seu trabalho; pessoas mais tradicionais acabam sendo advogados, pessoas mais informais vão para a área da cultura ou da arte. Então, cada pessoa tem seu estilo e esse estilo diz muito sobre o tipo de vida que a pessoa leva, o tipo de trabalho que ela procura e até a ‘tribo’ que ela gosta de ser vista.