Morreu nesta sexta-feira (21/01), aos 78 anos, Francisco Ferreira do Nascimento, artisticamente conhecido como “Chico Caju”, um dos saxofonistas de maior expressão da Música do Beiradão, ritmo genuinamente amazonense que ganhou grande destaque no cenário nacional e internacional na década de 80.

Natural do município de Manaquiri (AM), cerca de 80 quilômetros de Manaus, Chico Caju nasceu no dia 3 de outubro de 1943 em uma localidade rural na beira do Lago do Arajá.

No ano de 2016, Rafael Branquinho Abdala Norberto, em sua dissertação, Espaços,
Trânsito e Sociabilidades em performance na Música do Beiradão: uma Etnografia entre Músicos Amazonenses‟ apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Música do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, disse que começou a tocar aos 12 anos de idade, iniciando com instrumentos como pandeiro, bateria, banjo até chegar ao saxofone.

Na mesma entrevista, ele declarou: “Eu trabalhei no interior com juta, com malva,
com roça e […] aí aprendi a tocar. Foi o tempo que eu entrei na música, larguei roça,
larguei tudo, peguei a mulher e vim embora para Manaus”.

Em 2018, Chico Caju também foi um dos entrevistados pelo então acadêmico de
Jornalismo, Paulo Moura, em seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) “O áureo
da música do Beiradão nas rádios manauaras na década de 80”. Naquela
oportunidade, relembra com saudade o pesquisador:
“Ao final da entrevista, Chico Cajú tira o sax da capa e começa a tocar os sucessos do seu primeiro disco, Super Sax, relembrando os forrós, merengues e lambadas, um gesto nobre de agradecer ao público que ali estava para captar suas imagens.

É oportuno observar que Chico Cajú foi o único a tocar até os dias atuais nos “beiradões” do Amazonas. Ele afirma que seu sonho é tocar no casarão do Amazonas, o Teatro Amazonas”.

Em 2020, Chico Caju participou do Filme Documentário “O áureo da Música do Beiradão nas rádios manauaras (Difusora e Rio Mar) na década de 80”, de autoria do jornalista, compositor, músico, fotógrafo e cineasta Paulo Moura, contemplado pelo Edital: Nº 010/2020 –Concurso-Prêmio Manaus de Conexões Culturais – Lei
Aldir Blanc – Categoria Audiovisual.

O filme mostra, com riqueza de detalhes, o panorama histórico sobre as rádios manauaras, os programas e radialistas/produtores que difundiram a “Música do Beiradão”. Além de Chico Caju, o documentário conta com a participação de músicos como Teixeira de Manaus, Chiquinho David, Carlos Santos,Pinduca,
Magalhães da Guitarra, Oseas da Guitarra e André Amazon