Espetáculo está em temporada no Teatro Gebes Medeiros no mês de novembro

Os ingressos para terceira semana de “Cabaré Chinelo”, espetáculo do Ateliê 23 em cartaz no Teatro Gebes Medeiros (Avenida Eduardo Ribeiro, 937, Centro) em novembro, estão disponíveis pelo Sympla (sympla.com.br). Os bilhetes antecipados para 22 e 23 deste mês custam R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia) pelo site e nos dias de apresentação são vendidos a R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia) na entrada.

As apresentações iniciam às 20h das terças e quartas-feiras. O espetáculo de teatro musicado traz uma denúncia, 100 anos depois, sobre mulheres prostituídas em um grande esquema de tráfico internacional e sexual no início do século XX, na capital do Amazonas.

Com 17 artistas em cena, o “Cabaré Chinelo”, inspirado na pesquisa do historiador Narciso de Freitas e em parceria com a companhia de teatro argentina García Sathicq, propõe ao público uma imersão entre 1900 e 1920, com destaque para registros históricos em recortes dos jornais da época, entre eles tabela de valores de quanto cada mulher valia nas ruas de Manaus e cadastros de saúde. O material é distribuído em qr code na entrada da peça.

Bastidores

A preparação para o trabalho que abre a agenda de 10 anos do Ateliê 23 teve três meses de duração. A cantora e atriz Vivian Oliveira, que interpreta Mulata, a dona da pensão que abrigava as meretrizes, conta que, após a leitura da pesquisa, buscou uma conexão com a personagem.

“Fui algumas vezes até à praça Dom Pedro, andei pelas ruas que rodeavam o terreno onde ficava pensão. Sobretudo, pensei como seria Ana Maria da Conceição, nome de Mulata, uma mulher muito influente politicamente que era uma espécie de guardiã das mulheres que se prostituíam”, comenta a artista. “Ela fazia um jogo duplo porque parecia ser uma mãe para elas, mas era só uma empregada dos Kaftens. Tinha um estabelecimento que ficava naquele terreno do INSS, na Sete de Setembro, em frente ao Hotel Cassina”.

Segundo Vivian Oliveira, o loca servia para as mulheres levarem os clientes e também onde ocorriam muitas festas brigas.

“Por várias vezes, Mulata correu risco de perder a pensão. Daí, além de pressionar as meninas para trabalhar mais, ainda vendia o que podia para pagar a hipoteca. Um dia ela perdeu a pensão e comprou outro estabelecimento que ficava na Joaquim Sarmento e montou uma petiscaria”, destaca a atriz. “Mulata era o instinto de sobrevivência. Por isso ela se tornou uma mulher bruta e disposta a qualquer coisa para nao sofrer”.

Ficha técnica

Taciano Soares assina a direção geral de “Cabaré Chinelo”, com a diretora e dramaturga argentina Jazmín García Sathicq na co-direção, e divide a dramaturgia com Eric Lima, que é responsável ainda pela direção musical e coreografia.

No elenco estão Allícia Castro, Ana Oliveira, Carol Santa Ana, Daniely Peinado, Daphne Pompeu, Eric Lima, Fernanda Seixas, Julia Kahane, Sarah Margarido, Sofia Sahakian, Taciano Soares, Thayná Liartes, Vanja Poty e Vívian Oliveira.

A banda e arranjos contam com Cakito, Stivisson Menezes e Yago Reis, a assistência musical com Guilherme Bonates e Sarah Margarido, preparação vocal com Krishna Pennutt e provocação corporal com Viviane Palandi.

A produção do Ateliê 23 tem a assistência de direção de Carol Santa Ana e Eric Lima, figurino de Melissa Maia, cenografia de Juca di Souza, iluminação de Tabbatha Melo, pesquisa histórica de Narciso Freitas, apoio técnico de Titto Silva e Kelly Vanessa, assessoria de comunicação de Manuella Barros e fotografia e vídeo de Hamyle Nobre.

Sobre o Ateliê 23

A companhia que completa uma década em agosto de 2023 tem sede no centro de Manaus desde março de 2015, com 17 espetáculos de teatro e dança no repertório. A partir de 2020, o Ateliê 23 se lança no audiovisual com a obra “Vacas Bravas [online]” e, em 2021, com o projeto “A Bela é Poc”. A principal característica do coletivo é trabalhar com histórias reais, objeto da tese de Doutorado “Bionarrativas Cênicas”, defendida por Taciano Soares, na Universidade Federal da Bahia.

Entre obras de sucessos de público crítica estão “Helena”, selecionado para a mostra a_ponte: cena do teatro universitário do Itaú Cultural e indicado ao Prêmio Brasil Musical; “da Silva” e “Ensaio de Despedida”, indicados para o projeto Palco Giratório, do Sesc; “Vacas Bravas”, “Persona – Face Um” e “A Bela é Poc”.

Fotos: Hamyle Nobre