Mulheres participam de ato cultural pelo fim da violência doméstica no Amazonas, que aumentou 11% nos últimos dois anos; pela igualdade de gênero e por maior participação delas na política

Centenas de manifestantes participaram do ato cultural com o tema “Mulheres em defesa da Democracia: sem golpe, sem anistia e sem misoginia”. A caminhada aconteceu no Dia Internacional da Mulher, ocorrido nessa sexta-feira (8/3). No centro histórico de Manaus, elas pediram o fim da violência doméstica que, em 2023, vitimou 36.526 mulheres no Amazonas.

Sob a coordenação do Fórum Permanente das Mulheres de Manaus, o grupo concentrou-se na Praça da Matriz e, na sequência, caminhou pelas avenidas Sete de Setembro, Eduardo Ribeiro até o Largo de São Sebastião. Durante o trajeto, elas lembraram assassinatos como o da artista venezuelana Julieta Ines Martinez, 38 anos, que foi morta no município de Presidente Figueiredo, localizado a 117 km de Manaus, enquanto viajava pelo Brasil para divulgar a arte circense.

A equidade salarial entre homens e mulheres, a valorização financeira feminina, a redução da pobreza que atinge nove em cada 10 mulheres brasileiras foram apontados pelas manifestantes como obstáculos a serem superados. “Nós temos que comemorar, principalmente, a nossa existência e a nossa vida. Todos os dias é uma luta para as mulheres continuarem garantindo seus direitos; continuar garantindo mais crédito, mais educação, mais saúde. É uma luta muito grande. Hoje, nós temos um Governo Federal que respeita tanto as mulheres que instituiu o Ministério das Mulheres. Mas é preciso avançar. Por isso, vamos continuar lutando pelos nossos direitos”, afirmou a secretária Nacional de Mulheres do PT, Anne Moura.

O local do protesto não foi escolhido ao acaso. O centro histórico de Manaus é um ambiente marcado pela luta feminina. “Nós somamos todas as lutas para estarmos aqui caminhando no Centro de Manaus. O centro é palco de muitas lutas por direitos, pela nossa sobrevivência, pelo direito ao nosso corpo, por cidadania. Por tudo aquilo que muitas outras, antes de nós lutaram”, explicou Anne.

A secretária Nacional de Mulheres do PT cobrou ações assertivas dos gestores públicos para corrigir deficiências que prejudicam o sexo feminino em diversas áreas. “As mulheres sabem a cidade que querem. As mulheres sofrem nas UBS’s (Unidades Básicas de Saúde), pedem creche, lutam por suas vidas no transporte coletivo e nas ruas escuras, onde são constantemente ameaçadas. Nós marchamos porque queremos mais direitos, marchamos pelo direito ao nosso corpo. As mulheres na Amazônia gritam e clamam pela sobrevivência. As mulheres no Amazonas pedem socorro”, clamou a secretária.

A instalação da Casa da Mulher Brasileira, um centro de atendimento humanizado e especializado no atendimento à mulher em situação de violência doméstica, foi reivindicado durante a manifestação para assegurar direitos básicos das amazonenses. “Aqui, temos representantes de vários movimentos sociais que cobram que Manaus seja uma cidade onde as mulheres possam ir onde quiserem. E, não, uma cidade que exclua a mãe trabalhadora, a mãe que tem que fazer todas as escolhas do dia para garantir uma vida melhor”, frisou Anne.

Protagonistas na política

Mesmo sendo a maioria da população, no Amazonas elas representam 50,1% e, no Brasil, 51,5%, ainda é baixa a representatividade feminina na política. O estado do Amazonas conta com apenas cinco deputadas estaduais contra 19 deputados; nenhuma deputada federal nem senadora.

“Apesar de o Brasil viver uma nova realidade, essa realidade está muito longe de acontecer aqui no nosso estado. Chegou a hora da nossa cidade dar o recado elegendo as mulheres. Mulheres que, sim, fazem política. Queremos mais igualdade. E isso não é contra os homens. Queremos que eles somem com a gente nessa luta. E respeitem nossos corpos. Queremos ser respeitadas por nossos direitos e nossas trajetórias. Vamos marchar com solidariedade, ternura e de forma coletiva. Não precisamos masculinizar a política mais do que ela já está. Queremos as mulheres como protagonistas”, clamou Anne.