Em 1984, no suspiro da ditadura, a inflação era de 221% ao ano. A dívida externa saltou de 3,2 bilhões em 1964 para mais de 100 bilhões de dólares em 1985.
Nunca houve comprovação da origem e aplicação dos recursos da dívida feita pelos militares.
Em valores atualizados, o salário mínimo era de 1,2 mil em 1964 e no final do regime, em 1985, representava apenas 620 reais.
Mesmo no auge do “milagre econômico”, em 1973, a desigualdade se sobressaiu.
Os militares controlavam a inflação em patamares absurdos através da política de arrocho salarial. 70% dos trabalhadores não tiveram ganhos salariais nas décadas 60 e 70, período de grande crescimento do PIB.
O analfabetismo entre pessoas de 10 a 14 anos era de 19% em 1983.
Na ditadura, cresceu a privatização da saúde: De 1964 até 1974, o número de hospitais com fins lucrativos foi de 944 para 2.121.
No que se refere à corrupção, o contexto foi favorável com o amordaçamento dos órgãos de fiscalização, Ministério Público, judiciário e a censura à imprensa. Mesmo assim ainda vieram à tona alguns escândalos como o do Relatório Saraiva, envolvendo o ministro da fazenda Delfim Neto.
A desigualdade social teve um aumento gritante.
o índice de Gini, utilizado para medir a concentração de renda estava em 0,54 (o coeficiente de Gini vai de 0 a 1, quanto mais perto de 1, mais desigual) e pulou para 0,63 em 1977.
“Em 1964, o 1% mais rico da população detinha entre 15-20% de toda a renda do país. No fim da ditadura, passou a controlar quase 30%, como mostra um estudo conduzido por Pedro Ferreira de Souza, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e da UnB.”
Na educação, considerada de boa qualidade na lembrança de nossos pais e avós (e era verdade), a Constituição de 1967, aprovada durante a ditadura, trouxe duas alterações que mudariam o rumo da política educacional brasileira. Primeiro, desobrigou o investimento público mínimo no setor. Segundo, os militares abriram o ensino para a iniciativa privada, principalmente no ensino superior.
Enquanto os militares golpistas implementavam uma política de destruição dos serviços públicos, da economia brasileira e impulsionavam a desigualdade social, os porões da ditadura eram abarrotados de cidadãos e cidadãs que defendiam a volta da democracia.
Assassinatos e torturas formavam o método político de governar.
Não foram raros os casos como de “Eduardo Leite, o “Bacuri”, torturado por mais de 40 dias, que teve os olhos arrancados e as pernas lentamente consumidas pela gangrena provocada pelas infecções das fraturas e feridas”.
É este regime de exceção, desumanidade, corrupção e incompetência que dominou o brasil por 21 anos, só deixando tristeza e nojo.
Lúcio Carril
Sociólogo
Foto: Arquivo Nacional/Correio da Manhã
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