Mulheres que atuam por trás da limpeza de parte de Manaus relatam, emocionadas, o apoio que recebem da empresa para crescerem profissionalmente e cuidarem dos filhos

A gravidez é confirmada, anunciada à família e amigos. Depois, na sequência, começa a fluir, na futura mãe, um turbilhão de dúvidas e sentimentos: saberei criar bem essa criança? Que mundo meu filho encontrará pela frente? Terei meios para dar boas condições de vida a ele, com alimentação, saúde e alimentação adequados? E, finalmente, a pergunta sem resposta: serei mantida no emprego?

Às vésperas do Dia das Mães, é impossível não tocar nesse assunto tão delicado que é maternidade e mercado de trabalho. De acordo com pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), após 24 meses, quase metade das mulheres que tiram licença-maternidade não está mais presente no mercado, padrão que se repete até mesmo 47 meses depois.

Essa situação, felizmente, está bem distante da realidade vivenciada por funcionárias da Tumpex, responsável pela coleta de resíduos sólidos em Manaus. No quadro da empresa, que atua na cidade há mais de 30 anos, são 67 funcionárias, das quais 30 são mães. E elas, apesar de serem em menor número na empresa, visto o trabalho de coleta ser realizado, exclusivamente, por homens, encontram-se em cargos de chefia.

São elas que comandam o vai e vem frenético da Tumpex, na corrida diária para manter limpos os bairros de Manaus. Elas estão à frente dos setores Financeiro, de Recursos Humanos, Jurídico, Serviços Especializados em Segurança do Trabalho (Sesmt) e, também, respondem pela educação ambiental dentro da empresa e fora, junto às famílias das zonas assistidas.

Oportunidades iguais

Segundo Marcus Melo, gerente administrativo da Tumpex, as mulheres recebem as mesmas oportunidades de capacitação e ascensão profissional que os demais funcionários. Isso vale tanto para aquelas que ingressam na empresa já sendo mães, quanto para as demais que realizaram o sonho da maternidade somente após a contratação. “Entendemos que a maternidade é um dom divino, uma benção e que cada mãe tem uma jornada única. O fato de passarem a ser mães, só contribui para a construção de um ambiente de trabalho mais forte, harmônico, humanizado e solidário”, explicou. “Estamos aqui para apoiá-las em todas as fases da maternidade”, completou.

Fabiana Ferreira é analista do setor Financeiro da Tumpex. Ela trabalha há 13 anos na empresa, onde ingressou como temporária, cobrindo o período de licença-maternidade de uma antiga funcionária da casa. Passados 6 meses, a colega retornou às atividades e ela precisou ser desligada. “Fazia 10 meses que eu estava em outra empresa, quando surgiu uma vaga efetiva na Tumpex e me chamaram. Não pensei duas vezes porque, onde eu estava, o clima não era favorável às mães. Reclamavam quando precisávamos socorrer um filho em caso de doença, por exemplo. Era uma relação extremamente difícil. Eu já tinha duas filhas e não tive receio algum de retornar à Tumpex. Aqui, nós, mães, somos vistas com bons olhos”, revela Fabiana, que teve a oportunidade de crescer profissionalmente na empresa. “Era formada em Administração e, depois, consegui fazer MBA Executivo em Contabilidade Auditoria Gestão Tributária com o apoio da Tumpex.”

Produtividade em alta

A advogada Juliana Serejo, responsável pelo setor Jurídico da Tumpex, é mãe e coleciona boas histórias de acolhida no local. Ela vai completar 17 anos de casa e tem um filho de 14 anos. De acordo com ela, o fato de ter se tornado mãe enquanto já fazia parte da casa, só melhorou seu relacionamento com a empresa. “Fui muito bem acolhida e sou eternamente grata à Tumpex e aos meus superiores hierárquicos por sempre entenderem as necessidades de um filho e as preocupações de toda mãe.”

Esse tratamento, conforme Juliana, é benéfico a todos. Inclusive, segundo a advogada, ele contribui para o amadurecimento pessoal do funcionário e ajuda a melhorar a produtividade. “Acabamos, também, nos aproximando de quem tem filhos e trocando várias experiências. Costumo fazer muito isso com meu próprio gerente, por exemplo”, lembra, sorrindo.

Motivação em dobro

Evelyn Queiroz é engenheira e está na Tumpex desde 2005. Entrou para coordenar a equipe ambiental da empresa e depois passou a comandar o setor de Sesmt, especializado em Engenharia e Medicina do Trabalho. “Estou trabalhando lá há, aproximadamente, 19 anos. Tive a chance de concluir outra faculdade, a de Direito. Lá dentro também consegui fazer pós-graduação na área de Direito Trabalhista e Previdenciário, além de pós em Perícia Trabalhista, que acabaram me auxiliando muito na atividade que realizo na empresa.”

Ela relata que se tornou mãe recentemente, durante a pandemia da Covid-19. Hoje, Evelyn tem uma menina de três anos e um menino que completará dois aninhos. “Durante as minhas duas gestações e, até mesmo, no meu retorno, fui muito bem acolhida por todos na empresa. Era um desejo meu ser mãe e está sendo um grande desafio. Não é fácil conciliar profissão e maternidade. Mas me sinto mais motivada com a empatia da Tumpex. Começo a organizar melhor meus horários e a agenda profissional para atender filhos e trabalho.”