De acordo com o artigo 7º do Estatuto da Criança e do Adolescente, o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência, é um direito assegurado. Nesse contexto, o papel da assistência social e de iniciativas como o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) são imprescindíveis para a garantia dessa proteção. Podem estabelecer transformações em comunidades e territórios, criando raízes, permeando grupos e estabelecendo estratégias de enfrentamento à violência.
É o que conta a analista de políticas públicas na Coordenação de Medidas Socioeducativas e Programas Intersetoriais do MDS, Ravena Carmo, egressa do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI). Moradora de Planaltina, no Distrito Federal, Ravena, de 34 anos, é também escritora, poetisa, educadora popular e pesquisadora, com formação em ciências naturais e pedagogia e mestrado em políticas públicas e gestão da educação.
“Gosto sempre de falar tudo que eu sou porque remete a tudo que eu fui. Fui adolescente em conflito com a lei. Passei por todas as medidas socioeducativas e fiquei na internação por dois anos e onze meses por causa de um ato infracional relacionado ao tráfico de drogas, que é uma das piores formas de trabalho infantil”, destacou.
Ravena lembra que foi no período em que passou em uma unidade de internação socioeducativa que a família soube da existência da assistência social. “Onde nós morávamos, na situação em que vivíamos, não chegava essa informação para a gente, não sabíamos que éramos cidadãos de direito. Era difícil até se reconhecer como gente’, lamentou. “A minha mãe começou a receber os benefícios do Bolsa Família, que foi o que permitiu ela me visitar. O convívio familiar foi estabelecido durante a internação por causa da assistência que minha mãe recebia”, completou.
Após a internação, Ravena se dedicou aos estudos e deu início a uma transformação em sua vida que ultrapassou os muros da faculdade. A educadora social, que hoje compartilha com sua comunidade e território o que a assistência social lhe deu, também foi beneficiária do Bolsa Família.
“Foi o que me permitiu terminar a graduação, cuidar do meu filho. Na universidade, eu entendi que não tinha nenhuma linguagem que dialogasse com a minha comunidade, com a juventude preta e periférica, que é onde eu atuo. Sempre fui poeta, então eu tive autonomia de criar esse projeto que rompeu os muros da universidade, ele chega na quebrada mas ele traz a quebrada também para dentro da universidade, com projetos inspirados inclusive no Bolsa Família”, contou Ravena, referindo-se ao seu trabalho no Instituto Poesia nas Quebradas. A voltado para crianças, adolescentes de periferias e comunidades em situação de vulnerabilidade social. Ela também é dirigente da Frente Nacional de Mulheres no Hip Hop.
Vidas transformadas
Também egresso do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), MC Favelinha é hoje um jovem cantor, compositor, rapper e educador de 22 anos, morador do Distrito Federal, que utiliza sua trajetória para inspirar outros jovens.
Para o rapper, a assistência social tem capacidade de transformar vidas de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. “Em agradecimento a todos os projetos envolvidos, por todo o feito da minha trajetória até aqui, pelo espaço que hoje conquistei, ex-interno do sistema socioeducativo, hoje livre, trabalhando, com a mente no lugar e, como a educação me salvou, hoje prezo pela educação, prezo pelo bem social e por todo o bem igualitário”, disse.
Favelinha ainda propõe a participação coletiva como multiplicadora de resultados. “Se você realmente tem sentimento pelo que você vê com quem está do seu lado, pare, pense um pouco e se junte com quem quer fazer essa diferença, seja do CREAS, do CRAS, ou de qualquer projeto social”, comentou.
Assessoria de Comunicação – MDS
Fonte: gov.br
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