Nesta semana, o prefeito foi detido após tentar impedir ação de policias no município
Mesmo havendo decisão judicial impedindo aproximação a menos de 100 metros da candidata a prefeita de Eirunepé pelo MDB, Professora Áurea, os membros do grupo político comandado pelo atual prefeito, Raylan Barroso, debocharam da democracia e desrespeitaram a determinação proferida pelo juiz Cássio André Borges, do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM). Na última quinta-feira (03/10), duas pessoas receberam voz de prisão por descumprir a decisão. O prefeito, Raylan, tentou usar de poder político para impedir o trabalho dos policiais.
Desde a pré-campanha, vídeos mostram homens e mulheres vestidos de preto, alguns são servidores municipais, que faltam ao trabalho, usam máscaras para evitar o reconhecimento facial e portam e armas brancas e de fogo, perseguindo a candidata adversária Professora Áurea e sua equipe durante caminhadas e visitas aos moradores.
Constantemente, o grupo fazia intimidações públicas, proferia xingamentos misóginos e até filmava as ações agressivas com celular. O desrespeito era tanto que gravavam com o aparelho bem próximo ao rosto da Professora Áurea para causar constrangimento e, dessa forma, a fazer desistir da candidatura. Durante comícios e entrevistas a veículos de comunicação, Raylan também já ofendeu Áurea por ser mulher na política e incitou a violência na população contra a adversária.
Após denúncia no Ministério Público, com farto volume de provas, o juiz Cássio Borges instaurou inquérito policial para apurar os crimes de violência política de gênero e determinou medida protetiva com escolta policial. O prefeito Raylan Barroso, o seu candidato Anderson Pereira de Araújo e o servidor municipal Aristeu Augusto Carneiro, que faz segurança, ficaram proibidos de se aproximar da Professora Áurea de distância menor que 100 metros.
No mesmo dia, que a notificação judicial foi expedida, Aristeu Augusto Carneiro desrespeitou o TRE e foi até a casa de Professora Áurea urinar na frente do imóvel. Noutro momento, pessoas tentaram invadir a residência da candidata e proferiram ofensas. A Polícia Militar foi acionada e deu voz de prisão a dois homens, dentre eles Aristeu.
Prisão do prefeito Raylan
Em um vídeo que registra o momento da prisão, o prefeito Raylan Barroso aparece e inicia uma confusão para tentar impedir a ação dos policiais, dizendo que ele é a maior autoridade do município. Após procedimentos na delegacia, os detidos foram liberados.
Logo depois, o prefeito Raylan ainda visitou uma rádio local e fez um discurso inflamado na mídia, dizendo que a decisão do juiz Cássio Borges era inadequada e que se ele, o prefeito, fosse preso, a delegacia ia ser cercada por dez mil eleitores dele. Antes disso, Raylan Barroso também havia publicado um vídeo nas redes sociais incitando a população contra a determinação do TRE e dizendo que seria preciso arrumar um ginásio para caber tantas pessoas do grupo dele que teriam que ser presas.
Em outro momento da campanha, um correligionário de Raylan e Anderson, que também é servidor municipal e estava no horário de expediente, foi apreendido com uma faca nas proximidades onde Professora Áurea fazia agenda de campanha. Até eleitores que param para conversar e ouvir as propostas de Professora Áurea sofrem violência por parte da equipe do prefeito Raylan.
“Eles têm partido para tudo ou nada. Funcionários da prefeitura estão trabalhando na campanha, não estão nos seus postos de trabalho. É nítido que usam pessoas contratadas para tentar impedir a Áurea de fazer campanha. O tom usado é aquele dos antigos coronéis, do voto de cabresto. A ideia é filmar até a população. Ao saber quem está conversando com a Áurea, essas pessoas estariam ‘marcadas’. É para amedrontar mesmo, ele (Raylan) tenta fazer um controle social da cidade. É um modo violento de fazer política e não compreende que esse excesso atenta contra os direitos da democracia”, disse uma fonte que preferiu não se identificar.
A violência proferida por pessoas do grupo político de Raylan e Anderson contra o resto da população e a equipe de campanha de Áurea foi o alerta para o juiz Cássio Borges. Na decisão, ele escreveu: “É totalmente desarrazoada e abusiva a quantidade de pessoas que supostamente fiscalizam a candidata a cada momento. O referido proceder, na verdade, amolda-se, em tese, na conduta de violência política contra a mulher, pois tem a finalidade e impedir ou restringir o direito da candidata de fazer sua campanha eleitoral nas ruas”, declarou o magistrado.
Raylan tem histórico problemático
Raylan Barroso (União Brasil) não concorre à reeleição por estar no segundo mandato consecutivo como prefeito, mas apoia como sucessor o candidato Anderson Araújo (PT). Ele reúne um histórico de problemas com denúncias de corrupção e má gestão dos recursos públicos e até crimes ambientais enquanto mantém uma vida de luxo numa mansão em Eirunepé. Desde 2017, quando iniciou a primeira gestão, a Polícia Federal, os Ministérios Públicos estadual, de Contas e Federal, Defensoria Pública da União, o Tribunal de Contas do Estado já estiveram na ‘cola’ de Raylan por variadas denúncias de crime.
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