Audiência pública apresentou os desafios dos fazedores de cultura aos gestores estaduais e municipais
Espaços para a realização de ensaios, ordenamento de áreas com apelo turístico, revitalização de equipamentos públicos, isenção de impostos, segurança, foram alguns dos pontos abordados pelos fazedores de cultura na capital, durante a audiência pública que discutiu os desafios de quem atua na área.
De autoria do vereador William Alemão (Cidadania), a reunião, realizada na Câmara Municipal de Manaus (CMM), no bairro São Raimundo, zona Oeste, foi promovida pela 9ª Comissão de Cultura e Patrimônio Histórico da Casa Legislativa, e contou com a presença de artistas, produtores, representantes de entidades do setor, tanto do Estado, quanto do Município.
“Recebo com frequência inúmeras demandas, do setor de cultura, seja referente ao Carnaval, festivais folclóricos, danças. Por isso, esta iniciativa, para ouvir os fazedores de cultura e os entes públicos e suas propostas”, destacou William Alemão, na abertura do evento.
Na ocasião, o vereador chamou atenção para audiências anteriores realizadas na CMM, que abordaram a mesma temática, ainda que indiretamente, entre elas a questão dos flutuantes e o reordenamento de trechos do Centro.
Proprietário de duas áreas que demandam atenção especial, o empresário Diogo de Vasconcelos, relatou a situação do flutuante Abaré e do Abaré Central Casarão Boteco. Enquanto o primeiro se encontra com as atividades paradas há dois anos – e sem previsão de retorno -, o segundo se defronta com a questão dos vendedores autônomos, que atuam na área de bares da rua Ferreira Pena, Centro.
Segundo Diego, mesmo os locais não pagando imposto, e sem a devida fiscalização por parte da Prefeitura de Manaus, os ambulantes comercializam os mesmos produtos daqueles estabelecimentos, além de utilizar a estrutura dos mesmos como os banheiros, por exemplo.
De acordo com ele, a atividade econômica regular, no referido trecho do Centro vem sendo sufocada, em virtude da falta de ordenamento por parte do poder público, apesar da área ter sido revitalizada pela iniciativa privada, e gerar emprego e renda.
“Não estou me colocando contra os ambulantes, só espero que o poder público organize os vendedores naquele trecho. Uma fiscalização, uma atuação direta poderia resolver esse impasse. Os camelôs poderiam ser alocados na rua 10 de Julho ou na Monsenhor Coutinho, na direção ao Teatro Amazonas, onde há circulação de pessoas também”, opinou.
Apesar de não atuar diretamente no setor cultural, Diego salientou que tanto o flutuante Abaré quanto o Abaré Central Casarão Boteco, são duas atrações ligadas ao entretenimento, setor transversal à cultura.
Visibilidade
Integrante do grupo de dança Atrapalhados na Roça, da Compensa, zona oeste, Camila Lacerda, apresentou uma das dificuldades enfrentadas por boa parte dos grupos folclóricos de Manaus: a falta de um espaço para ensaiar.
“As escolas poderiam ser um espaço para os grupos folclóricos dos bairros ensaiarem aos fins de semana. Porém, isso não acontece”, observou.
Os ensaios do grupo, conforme Camila, quando não ocorrem na quadra da escola de samba Vila da Barra, na Compensa, são realizados em uma praça abandonada na avenida Padre Agostinho Caballero Martin, em meio à falta de segurança no local.
“A cultura não é feita apenas em uma época do ano, é no ano inteiro. E muitas danças têm dificuldades para ensaiar, se deslocar para os festivais, produzir os seus figurinos. Por isso há a necessidade de um incentivo para os grupos”, salientou.
Já o presidente da escola de samba Diamante Negro, Adriano Bindá, também reivindicou mais visibilidade às agremiações que integram o Grupo Experimental. Conforme Adriano, o “Carnaval do Povão” – como também é conhecido o grupo, além de movimentar as escolas de samba iniciantes, é uma maneira de fazer com que estas agremiações ganhem vivência do que é ser uma escola de samba.
“A Categoria Experimental é uma forma das escolas ganharem experiência e subirem de categoria, apresentando um carnaval lindo, grandioso. Que o município de Manaus inclua também em sua agenda a Categoria Experimental”, concluiu.
Desenvolvimento
Viabilizar o acesso de crianças e adolescentes, em especial das áreas periféricas de Manaus, ao ensino de artes e música, foi uma das pontuações feitas pelo professor universitário de Música, Alisson Moura.
“O ensino de artes e música para crianças e adolescentes, é muito importante para o desenvolvimento, cognitivo, social e cultural destes jovens, além de evitar com que eles se envolvam com coisas ilícitas”, defendeu.
Propostas
“Abrir as portas das escolas municipais para os grupos folclóricos, aos finais de semana, é uma das ações que está no nosso radar, e que já conversamos em outros momentos com a Semed (Secretaria Municipal de Educação)”, informou o subsecretário da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), Reginei Rodrigues, durante a audiência pública.
Segundo ele, as tratativas neste sentido serão retomadas com a nova gestão da Semed, para que não só os grupos folclóricos, mas demais fazedores de cultura possam ter um espaço para desenvolver as suas atividades. Em relação aos ambulantes, Reginei sinalizou a possibilidade de uma conversa com os demais secretários, cujas pastas estão relacionadas à temática.
O presidente do Conselho Municipal de Cultura (Concultura), Neilo Batista, informou que o Plano Municipal de Cultura prevê a abertura das escolas, para as atividades folclóricas. Ainda segundo ele, o Plano Municipal de Cultura, também prevê a criação de liceus municipais de música, bem como a criação de Corpos de Danças, em cada zona da cidade até 2028.
Em relação aos flutuantes, Neilo chamou a atenção para o fato de os locais estarem relacionados à música do “beiradão”, o que remete à identidade do manauense, além de uma necessidade de valorizar esta cultura.
“Não me vejo como autoridade para falar sobre os flutuantes, mas é fato que eles fazem parte da nossa cultura e identidade, e precisamos chamar estas pessoas que fazem cultura às margens do Tarumã”, pontuou.
Transversalidade
Por meio de suas emendas impositivas, o vereador William Alemão apoiou aproximadamente 600 eventos culturais, entre festivais folclóricos, danças diversas, blocos de Carnaval, exposições, entre outros.
“Sempre apoiei a cultura da forma que pude, por entender que ela precisa ter voz, nesta casa, que infelizmente tem pouca voz cultural”, destacou.
A audiência também contou com a presença do secretário executivo estadual de Cultura e Economia Criativa, Kaká Bonates; o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel/AM), Rodrigo Zamperlini; a diretora do Instituto de Assistência Social, Saúde e Educação (Iasse), Dory Lobato; e a presidente da Academia de Educação do Brasil (Acebra), Cecília Maria Rodrigues de Souza.
Texto: Assessoria de Comunicação do vereador
Fotos: Assessoria de Comunicação do vereador e Mauro Pereira/Dicom-CMM
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