As correntes políticas de direita (incluindo a extrema direita, muito em voga hoje) têm lado. Não escondem sua posição de classe em favor dos ricos, milionários e bilionários. Defendem os interesses do patronato em todos os lugares que ocupam, seja no legislativo, no executivo ou no judiciário.
A direita é coerente.
Na política, defende um Estado minino para atender a classe excluída da divisão da riqueza e um Estado forte para garantir benefícios a empresários, banqueiros e ruralistas.
A direita é assim no mundo todo. Ela tem lado e sabe combater o lado oposto, usando o poder econômico para dominar e oprimir aqueles que produzem riqueza, os trabalhadores, e que não se reconhecem como classe produtora.
Já a esquerda anda tonta desde a queda do Muro de Berlim e o desmantelamento da União Soviética. Parece que o farol apagou e perdeu o caminho do sonho e da utopia.
A esquerda perdeu o discurso de classe e não sabe mais que lado é o seu. Parece uma barata tonta, sem “parede nua para se encostar”.
Me refiro aos partidos de esquerda que disputam poder e se constituem como referência de classe ou assim deveriam se referenciar. Há exceções, bravas exceções, mas que não se constituem uma ameaça ao sistema econômico dominante.
A esquerda deixou de mostrar para a classe trabalhadora que os trabalhadores são os que geram riqueza e que dela devem usufruir.
A esquerda deixou de dizer que o capitalismo produz muita miséria, exclusão social, racismo, preconceito, e que seu poder está em pilhar a riqueza produzida pelos trabalhadores.
Tem gente que faz o discurso de classe na esquerda, mas esses têm pouco espaço. Aqueles que imperam, que dominam, são os que se vestem com o manto cor-de-rosa.
Tem muito Santo do Pau Oco na esquerda.
Para quem não lembra da história, esse termo se originou no período colonial, quando o santo era usado para contrabandear ouro e diamante por governadores, escravos e religiosos.
Tem muito cabra posando de santo, mas servindo aos interesses dos poderosos. Falta ética, coerência e compromisso de classe.
Lúcio Carril
Sociólogo
Foto: FREEPIK
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