O que leva um indivíduo a se regozijar com a desgraça do outro?

Dependendo de quem vai responder, é possível lançar olhares sobre vários ângulos.

Do ponto de vista religioso, esse indivíduo não se enquadra em nenhum princípio, tampouco na crença em Deus ou nos seus profetas. Ele está mais para um estelionatário da fé do que para um crente. Está mais para um charlatão que engana o crente do que para um cristão ou budista.

Sob o aspecto humanista, esse estelionatário e charlatão é desprovido de humanidade. Não conseguiu se construir um ser humano. A vida social e em cultura não lhe serviu para nada. Ele é um mineral sendo corroído pela ação do tempo, sem que reaja.

Já sob o olhar sociológico, esse estelionatário da fé, charlatão e sem essência humana é a obra mais bem acabada de um país erguido sobre o sangue de homens, mulheres e crianças escravizados, explorados e lascados. É o arquétipo do domínio do eu sobre o coletivo, do lucro sobre o trabalho.

Na psicanálise, Freud explicaria essa pulsão sádica como uma forma de excitação sexual com o sofrimento do outro. Já Wilhelm Reich diria que esse indivíduo teve sua sexualidade suprimida pela estrutura social, o tornando obediente à ordem autoritária, apesar da sua miséria e degradação.

Enfim, o indivíduo que apoia e comemora o sofrimento do outro é uma excrescência humana sob vários aspectos, seja da religião, da história ou da ciência. É um ser desprezível, em razão do seu desajuste social, cultural e psíquico.

Rogo aos seres humanos de boa vontade que não se deixem desesperar pela insistência dos seres da maldade. Lembrem do Poeminho do Contra, de Mário Quintana: Todos esses que aí estão Atravancando meu caminho, Eles passarão…

Eu passarinho!

Lúcio Carril 

Sociólogo

 

*Texto de responsabilidade do autor

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