O maior festival estudantil da América Latina, a 14ª Bienal da UNE, teve início nesta quarta-feira (29), em Olinda, Pernambuco. Sob o tema A rua é o nosso palco principal, o evento segue até o dia 2 de fevereiro com a expectativa de reunir entre 10 e 15 mil estudantes de todos os estados do país. A programação inclui debates, atividades culturais e mobilização estudantil, reforçando o papel da cultura como instrumento de resistência e transformação social.

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, participou da abertura do evento e destacou os avanços das políticas culturais nos últimos dois anos, além de reafirmar o compromisso do Governo Federal com a democratização do acesso à cultura e seu impacto na construção da identidade nacional e na defesa da democracia.

“Nosso trabalho no Ministério da Cultura só é possível porque o presidente Lula compreende a importância da cultura para a democracia. Não existe cultura sem democracia. A cultura é diversidade, criatividade e liberdade, e não há como restringir o pensamento e a expressão de um povo”, afirmou.

Entre as principais ações do MinC nos últimos dois anos, ela citou a implementação da Lei Paulo Gustavo, que destinou R$ 3,8 bilhões ao setor cultural, e a execução da Lei Aldir Blanc 2, que já transferiu quase R$ 8 bilhões para estados e municípios. A ministra também destacou o avanço na regulamentação do Sistema Nacional de Cultura (SNC), a nacionalização da Lei Rouanet, e os investimentos no setor audiovisual.

Margareth Menezes também ressaltou o protagonismo da juventude na luta por direitos e pelo fortalecimento das políticas públicas.

“É emocionante ver jovens de várias partes do Brasil se reunindo para fortalecer reivindicações populares. Isso mostra o quanto a juventude está engajada na defesa de melhores condições para os estudantes brasileiros. Quero afirmar que o Ministério da Cultura está de portas abertas para os estudantes e para a juventude brasileira. Neste momento, é fundamental termos unidade para defender a vida, a liberdade e a diversidade”, disse.

Carta de reivindicações

Além dos debates, a Bienal da UNE também foi palco de reivindicações estudantis. A ministra recebeu um manifesto dos estudantes brasileiros, que pede maior investimento na cultura e educação. No documento, a UNE reforça que as ruas são espaços de luta e resistência, e cobra o fortalecimento de políticas públicas que ampliem o acesso à cultura.

Entre as principais pautas apresentadas na carta, estão: Aperfeiçoamento da Lei Aldir Blanc 2, garantindo transparência e participação estudantil na definição do orçamento; Fortalecimento do Cultura Viva Estudantil, ampliando o alcance dos Pontos de Cultura dentro das universidades e escolas públicas; Defesa da universidade como território cultural, assegurando investimento contínuo em arte, ciência e tecnologia; Mais incentivo à cultura popular e periférica, com políticas que valorizem artistas indígenas, quilombolas e da juventude negra.

A presidenta da UNE, Manuella Mirella, reforçou a importância da cultura no movimento estudantil e na luta democrática.

 “A União Nacional dos Estudantes tem uma trajetória marcada pela resistência contra o fascismo, o autoritarismo e pela luta pela liberdade do nosso povo. Os estudantes daquela época deram suas vidas para que pudéssemos estar aqui hoje”, falou.

Ela destacou o impacto do Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE, que nos anos 1960 impulsionou a produção cultural brasileira, e reafirmou a necessidade de os estudantes continuarem na linha de frente das batalhas culturais.

“Se um dia a UNE chegou até nossa sala de aula, hoje estamos aqui, prontos para percorrer cada canto deste país para vencer essa guerra cultural, derrotar o fascismo e construir um Brasil forte, soberano e com cultura viva e pulsante”, explicou.

Tel Guajajara, coordenador geral do Circuito Universitário de Cultura e Arte (CUCA) da UNE, também enfatizou a necessidade de garantir espaço para a cultura no orçamento federal.

“Hoje, na Bienal, deixamos nosso grito pela ampliação, valorização e orçamento da Política Nacional Aldir Blanc, essa política tão essencial para o Brasil, que nasceu das grandes reivindicações da juventude nos últimos anos. Hoje, é um dos principais instrumentos de democratização da cultura no país. Trouxemos essa reivindicação para a nossa Bienal e a levamos para todos os lugares, especialmente para a rua, que é o nosso palco principal”, disse.

MinC na Bienal

O Ministério da Cultura participa ativamente da 14ª Bienal da UNE com um estande que oferece apresentações culturais e debates sobre políticas públicas. Uma das iniciativas em destaque é o MovCEU, que leva atividades culturais para periferias e comunidades afastadas por meio de vans adaptadas.

Nos cinco dias de evento, temas centrais para a juventude e a cultura brasileira estão em discussão, incluindo: Programa Rouanet da Juventude; Mercado de trabalho em cultura; Política Nacional Aldir Blanc; e Pontos de Cultura.

Programação

Além dos debates, a Bienal da UNE apresenta uma programação artística diversa. O evento homenageia importantes nomes da cultura nacional, como Chico Science & Nação Zumbi, Lia de Itamaracá e o poeta Miró da Muribeca.

Entre os destaques musicais, estão confirmados shows gratuitos de Duda Beat, MC Troinha, Academia da Berlinda e Nação Zumbi. As apresentações acontecem em espaços do Bairro do Recife e em Olinda, reforçando a conexão entre a juventude e a cultura popular.

A programação ainda inclui mesas-redondas sobre educação, meio ambiente e políticas públicas, com participação de autoridades como a ministra de Direitos Humanos, Macaé Evaristo, e o ministro da Educação, Camilo Santana.

Fonte: gov.br