O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou nesta quarta-feira, em entrevista a rádios de Minas Gerais, que o Brasil reconhece os acordos que envolvem políticas migratórias de outros países, mas não abre mão do cumprimento das leis nacionais no momento em que aeronaves com repatriados aterrissem em território brasileiro. “Quando o avião abre a porta, eles estão submetidos à legislação brasileira, e disso vamos cuidar com carinho, porque queremos que os brasileiros sejam bem tratados”.

É uma questão de direitos humanos. Vamos cuidar dos brasileiros com carinho e respeito. Inclusive com assistência médica, como se deve tratar um ser humano”

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República

Lula fez referência a um voo com brasileiros que aterrissou em Manaus na semana passada após problemas de pressurização, em que os repatriados desceram da aeronave acorrentados e algemados. “A nossa Polícia Federal interveio, o nosso Ministério das Relações Exteriores interveio, a nossa Ministra dos Direitos Humanos interveio, e acertamos que eles não iam poder ser acorrentados”, disse o presidente. Na ocasião, os brasileiros encerraram a viagem de volta a Minas Gerais em uma aeronave da Força Aérea Brasileira, com alimentação, hidratação e tratamento digno.

“É uma questão de direitos humanos. Vamos cuidar dos brasileiros com carinho e respeito”, reforçou Lula, lembrando da previsão de chegada de um novo voo com repatriados dos Estados Unidos na sexta-feira, em Fortaleza (CE). “Estamos atentos, a Política Federal, o Ministério da Justiça, o Ministério dos Direitos Humanos e o Itamaraty, para que a gente dê cidadania a esses companheiros quando chegam ao Brasil. Inclusive com assistência médica, como se deve tratar um ser humano, com carinho e respeito”.

GAZA – O presidente brasileiro discordou da declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre uma potencial ocupação da Faixa de Gaza e a necessidade de saída do território de quase 2 milhões de palestinos. Lula enfatizou a crença na solução de dois Estados apoiada historicamente pelo Brasil. “Nós defendemos a criação do Estado Palestino, igual o Estado de Israel, e estabelecer uma política de convivência harmônica, porque é disso que o mundo precisa”, disse Lula. “Quem tem que cuidar de Gaza são os palestinos. O que eles precisam é ter uma reparação de tudo aquilo que foi destruído, para que possam reconstruir suas casas, seus hospitais, suas escolas e viver dignamente com respeito”.

BRICS – O presidente brasileiro reforçou ainda a importância geopolítica do BRICS no cenário geopolítico internacional e a independência para discutir políticas comerciais entre seus integrantes. Em 2025, o Brasil ocupa a presidência do grupo e receberá a reunião de cúpula. “O BRICS significa praticamente metade da população mundial. Quase metade do comércio exterior do mundo. A gente discute o que é importante para nós. O que é importante para o mundo”, disse. O BRICS inclui como membros plenos, além do Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos.

RELAÇÕES COMERCIAIS – Lula enfatizou ainda que o país tem uma relação comercial produtiva e diversificada com os Estados Unidos e que enxerga potencial de que ela seja mantida e até ampliada, e que essa é uma perspectiva do Brasil com dezenas de outras nações. Ele destacou a boa relação comercial e diplomática com os Estados Unidos, que tem uma tradição de 200 anos. “O mundo precisa de todo mundo. Só para você ter ideia, o Brasil abriu 303 novos mercados para exportar os nossos produtos (nos últimos dois anos)”.

MARGEM EQUATORIAL – Na conversa com os radialistas, o presidente citou ainda a perspectiva de investigação do potencial da chamada margem equatorial, no norte do país, para exploração de petróleo e combustíveis. “Nós precisamos fazer as coisas com clareza, com estudo, porque temos que tomar conta do país. Nós queremos o petróleo, porque ele ainda vai existir por muito tempo. Temos que utilizar o petróleo para que a gente possa fazer a nossa transição energética, que vai precisar de muito dinheiro”, reforçou o presidente. Lula lembrou que Guiana e Suriname já fazem prospecções na região e que o país pretende encontrar uma solução que dê garantias aos brasileiros e ao mundo de que tudo será feito respeitando de forma rigorosa as normas ambientais e de segurança. “A Petrobras é a empresa que tem mais capacidade de exploração de águas profundas. Temos um exemplo extraordinário de não causar problemas ao meio ambiente. Nós, o governo, vamos ter que encontrar uma solução para que a gente explore essa riqueza, se é que ela existe, em benefício do povo brasileiro”, disse o presidente.

 

Fonte: gov.br