Desde janeiro de 2025, um grupo de estudantes indígenas do curso de Licenciatura Intercultural Indígena, do Centro de Estudos Superiores de Tefé (CEST/UEA), tem enfrentado desafios financeiros para garantir sua permanência na universidade. Vindos dos municípios de Japurá, Maraã, Uarini, Tefé e Juruá, e pertencentes a diversas etnias — Miranha, Kanamari, Maku Nadeb, Maku Yuhup, Kokama, Kambeba, Tikuna, Kulina, Tukano, Kaixana, Baré, Kubeo/Tukano e Maku Yu —, os acadêmicos relatam dificuldades para arcar com despesas básicas como moradia, alimentação, transporte e materiais de estudo.

Durante esses 60 dias de formação, cada estudante recebeu duas parcelas de R$600,00 para custear sua permanência, valor que, segundo o grupo, é insuficiente para cobrir todas as necessidades, incluindo o custo das passagens para retornar aos seus territórios ao fim do período letivo. Além disso, muitos dos cursistas são pais e mães que precisaram trazer seus filhos, não tendo outra alternativa para garantir sua segurança e bem-estar.

Diante desse cenário, os estudantes solicitam à Gestão Superior da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), à Coordenação do Curso e à Pró-Reitoria de Extensão (Proex) o pagamento de uma terceira parcela de R$600,00 para viabilizar seu retorno às comunidades de origem.

A reivindicação se baseia na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/1996), que, em seu artigo 79, parágrafo 3º, determina que a assistência estudantil para povos indígenas deve incluir suporte para garantir sua permanência no ensino superior. O grupo ressalta que não busca privilégios, mas sim o cumprimento das políticas de acesso e permanência, fundamentais para garantir o direito à educação de maneira digna e respeitosa.

Reuniões foram realizadas com a direção do CEST/UEA para discutir e atender às demandas dos estudantes, algumas já foram atendidas, porém, ainda falta algumas melhorias importantes.

Durante os encontros, os acadêmicos destacaram a necessidade de um espaço adequado para descanso, sugerindo o uso da sala do movimento estudantil para o descanso, o que já foi atendido mas será efetivado no próximo semestre.

A proposta se justifica pelo fato de que muitos estudantes passam o dia inteiro na universidade, enfrentando longas jornadas sem um ambiente adequado para recuperação e bem-estar.

Durante o ato, foi elaborado pelos estudantes indígenas uma carta, reunindo as principais demandas dos estudantes, que será encaminhado à Reitoria, ao Ministério Público e a demais organizações de apoio estudantil. O objetivo é cobrar a garantia de direitos e a implementação de medidas que assegurem condições dignas de permanência na universidade.

Os acadêmicos seguem firmes em sua formação e esperam um posicionamento favorável da universidade, garantindo que possam continuar sua trajetória acadêmica sem que a falta de recursos se torne um impeditivo para sua permanência e retorno aos territórios.