A resposta do Governo Federal às fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul passa diretamente pelo atendimento em saúde. Nessa missão, a população gaúcha encontra acolhimento humanizado e qualificado nos voluntários da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FN-SUS)

Instituída pelo Decreto nº 7.616, de 17 de novembro de 2011, a FN-SUS é um programa de cooperação voltado à execução de medidas de prevenção, assistência e repressão a situações epidemiológicas, de desastres ou de desassistência à população. Convocada e coordenada pelo Ministério da Saúde, a Força Nacional do SUS assumiu papel essencial em meio à tragédia climática. Já são 5.966 atendimentos até este domingo (26) em resposta aos impactos das enchentes no estado: 2.856 no Hospital de Campanha (HCamp) de Canoas, 1.032 na unidade de Porto Alegre e 239 na de São Leopoldo. As equipes móveis atenderam 1.779 mil pessoas e realizaram 60 remoções aéreas.

No HCamp de Porto Alegre, aberto há 10 dias, pacientes de diferentes idades, de toda a região metropolitana da capital gaúcha, são atendidos diariamente por 13 voluntários da FN-SUS, entre médicos, enfermeiros e técnicos em enfermagem. Uma dessas pacientes é Vera Ruscher, de 83 anos. Ela teve a casa inundada, precisou ser acolhida por amigos e parentes e já está em sua quarta hospedagem provisória. Vera teve um pico de pressão e foi encaminhada à unidade pela família. “Como todo o estado se encontra nessa situação caótica, achávamos que o atendimento seria demorado, mas nos surpreendemos positivamente”, explica Jaqueline Ruscher, filha da paciente. “Minha mãe tem princípio de Alzheimer e teve o emocional abalado, por isso é importante termos essa assistência médica. Quanto mais hospitais, melhor”.

Diego do Nascimento Rodrigues, 27 anos, procurou o Hospital de Campanha de Porto Alegre ao apresentar sintomas gastrointestinais. Morador do bairro Sarandi, um dos mais afetados pela inundação, Diego elogia o cuidado recebido pela equipe da FN-SUS e destaca a localização da unidade. “O atendimento foi de excelente qualidade, e o hospital de campanha está muito bem-posicionado, principalmente nessa questão de atender à zona norte da cidade”, conta.

Para a coordenadora do Hospital de Campanha de Porto Alegre, Cecília Biasibetti Soster, existe uma gratidão muito grande por parte dos pacientes. “As pessoas sempre perguntam a origem dos voluntários e reforçam a importância dessa ajuda, desses serviços serem estabelecidos para suprir as necessidades imediatas da população”, declara.

QUARTO HCAMP DO SUS – O Hospital de Campanha de Novo Hamburgo (RS), município distante 78 quilômetros de Porto Alegre, começou a receber pacientes no fim da tarde deste sábado (25). A unidade é a quarta a ser operada pelo Ministério da Saúde no estado, que teve 97% do seu território devastado por severas enchentes. No total, incluindo os HCamp instalados pelo Ministério da Defesa, são 12 estruturas em funcionamento no Rio Grande do Sul.

REFORÇO – Para ampliar ainda mais os atendimentos, mais 40 novos voluntários da Força Nacional do SUS chegaram neste sábado (25) ao Rio Grande do Sul. O grupo é composto por emergencistas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e se juntou à equipe, promovendo a troca de profissionais e a inclusão de novas categorias, como técnicos de enfermagem, para diversificar e aumentar a capacidade de atendimento nos hospitais de campanha montados pelo Ministério da Saúde em Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e Novo Hamburgo.

IDEALIZADORA – Uma das idealizadoras da Força Nacional do SUS, a enfermeira Conceição Mendonça coordena as ações de Diagnóstico Vivo e Planejamento da Força junto ao Centro de Operações de Emergência (COE-RS) do Ministério da Saúde, trazendo experiência e sensibilidade às equipes envolvidas.

Especialista em urgências e emergências, Conceição dedica-se à saúde pública há 23 anos e já atuou em outras grandes crises, como no incêndio na Boate Kiss, que deixou 242 mortos e 636 feridos em 2013, na cidade de Santa Maria, e no desastre climático da região serrana do Rio de Janeiro em 2011, que deixou 905 mortos, além de feridos e desabrigados.

Participando diretamente do socorro às vítimas na serra fluminense, Conceição e outros profissionais perceberam a necessidade da criação de uma força técnica e coordenada de resposta às emergências de saúde que extrapolassem a capacidade local, com a possibilidade de convocar voluntários de outras regiões do país.

“Sendo mulher e vindo de uma família humilde do Nordeste, eu me sinto extremamente feliz por saber que hoje eu sou o SUS, por lembrar que contribuí para a elaboração da Força Nacional, este grupo voltado para salvar o maior número de vidas”, explica a enfermeira, que é de Sergipe.

A sensibilidade também é fundamental para o sucesso de missões como o socorro à população gaúcha. “Muitas pessoas atingidas perderam tudo o que construíram, e nós choramos com as mães preocupadas pelos filhos e sorrimos quando descobrem que estão bem”, diz. “Nós compartilhamos os sentimentos delas e, às vezes, um olhar é o exemplo de uma cura”, finaliza Conceição.

Segundo o balanço deste domingo, atualizado pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul, o número de municípios afetados no estado é de 469. São 55.813 pessoas em abrigos, 581.638 desalojados e 2,34 milhões de pessoas afetadas. Nas últimas 24 horas, houve o registro de três novos óbitos, elevando o número para 169 mortes. Há 806 feridos e 56 desaparecidos.

Confira outras atualizações das frentes de trabalho do Governo Federal no Rio Grande do Sul:

ENERGIA ELÉTRICA – Nas últimas 24 horas, 26 mil clientes foram religados, em um esforço das distribuidoras, não obstante as inundações na região da Lagoa dos Patos, que vem recebendo o escoamento das águas do Rio Guaíba. Desde o início dos eventos, 449 mil clientes tiveram energia elétrica restabelecida, porém 112 mil continuam sem energia, em sua maioria por questões de segurança. Não há mais municípios com 100% dos clientes desligados.

RODOVIAS – Confira as informações de tráfego das rodovias federais do estado:

BR-386
– Km 288 (São José do Herval): tráfego em contrafluxo (pista simples) pela pista Sul (sentido capital);
– Km 297 (Pouso Novo): tráfego em pare-e-siga pela pista Norte (sentido interior);
– Km 308 (Pouso Novo): bloqueio total a cada 30 minutos para realização de obras. Liberação total do tráfego a cada 30 minutos;
– Km 325 (Marques de Souza): liberado tráfego em ambos os sentidos com desvio em contrafluxo em 1 faixa da pista Norte (sentido interior);
– Km 349 (Lajeado): liberado tráfego no contrafluxo para todos os veículos na ponte seca, pela pista Sul (sentido capital); Liberado tráfego em 1 faixa na pista Norte (sentido interior):
– Km 350 (Estrela): liberado tráfego em contrafluxo para todos os veículos na ponte sobre Rio Taquari, pela pista Sul (sentido capital); Bloqueio de 1 faixa na pista Norte (sentido interior);
– Km 351 (Estrela): bloqueio total da pista Sul (sentido capital). Tráfego em contrafluxo (pista simples) pela pista Norte (sentido interior);
– Km 361 (Estrela): bloqueio de 1 faixa na pista Norte (sentido interior);
– Km 372 (Fazenda Vilanova): bloqueio de 1 faixa na pista Sul (sentido capital);
– Km 425 (Montenegro): liberado tráfego em contrafluxo (pista simples) para todos os veículos pela pista Norte (sentido interior).

Freeway
– Km 86 (Cachoeirinha): bloqueio total das alças de acesso em ambos os sentidos;
– Km 92 (Porto Alegre): bloqueio da alça de acesso ao aeroporto;
– Km 96 (Porto Alegre): bloqueio do acesso ao vão móvel pela pista Oeste (sentido capital);
– Km 98 (Porto Alegre): bloqueio da pista Leste (sentido capital) na ponte do vão móvel.

CESTAS DE ALIMENTOS – Até o momento, o MDS destinou R$ 8,4 milhões para a compra inicial de 52 mil cestas de alimentos (mais de 1.100 toneladas). Desse total, 44.381 (954 toneladas) já foram distribuídas em atendimento à emergência no estado, sendo 17.630 cestas distribuídas para 15 municípios e 15.531 para atendimento em 332 cozinhas solidárias, incluindo entidades gestoras que atendem outras cozinhas menores. Outras 6.420 cestas de alimentos já foram entregues para indígenas, quilombolas e pescadores artesanais; e 4.800 entregues para a Defesa Civil Estadual para atendimento à região do Vale do Taquari. Já foi autorizada a retirada das seguintes cestas de alimentos: 8.345 cestas de alimentos pela Funai para atendimento às comunidades indígenas (retirada 4.065); 2.581 cestas de alimentos para atendimento a comunidades isoladas de pescadores (retiradas 545); 570 cestas de alimentos para comunidades ciganas; 7.543 cestas de alimentos para comunidades quilombolas (retiradas 1.810); 1.764 cestas de alimentos para famílias acampadas, conforme demanda apresentada pelo INCRA.

SECRETARIA DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS – O Governo Federal já pagou R$ 740 milhões em emendas parlamentares para os municípios gaúchos. Foram remanejados R$ 30 milhões em emendas individuais (antes destinadas a outros estados), nos ministérios da Saúde, do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome e na Defesa Civil. A janela para remanejamento de Emendas de Comissão (RP8) e Emendas de Bancada (RP7) está aberta até o dia 31 de maio.

JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA – O balanço do Ministério da Justiça e Segurança pública contabiliza 3.131 pessoas e 1.319 animais resgatados pela Polícia Federal; 1.916 pessoas e 186 animais resgatados pela Polícia Rodoviária Federal; 886 pessoas e 563 animais resgatados pela Força Nacional; 35 salvamentos realizados pela Força Nacional e 29.552 kg de mantimentos transportados. A Polícia Federal passou a empregar a totalidade de suas equipes em ações de segurança pública, realizando operações de resgate de forma pontual. Foram apreendidos 124 kg de drogas, além de 3.907 armas.

 

 

Fonte: gov.br