O agronegócio brasileiro é perverso por natureza. Desde o início da colonização, a concentração de terras e o uso inadequado das águas e do solo massacram e destroem os bens naturais.

Hoje, a emissão dos gases de efeito estufa no Brasil, cerca de 75% decorrem da atuação do agronegócio, com grande preponderância na agropecuária bovina.

A monocultura, a pecuária e o uso intensivo de máquinas levam ao esgotamento de nutrientes, compactação e erosão do solo, além de causar mudanças prejudiciais ao ciclo das águas. Para cada quilo de carne produzido é gasto 15.400 litros de água. A exploração desse manancial hídrico ameaça o lençol freático e os rios.

O agronegócio é destruidor, seja do meio ambiente ou da economia.

Só com a isenção fiscal da soja, o Brasil deixa de arrecadar por ano cerca de 57 bilhões de reais, enquanto a cesta básica tem um desconto estimado em 30 bilhões.

Em 2022, a receita federal deixou de cobrar 101 bilhões de imposto de renda do agronegócio, que também é livre do pagamento de ICMS sobre suas exportações.

É uma verdadeira farra com apoio do Estado, que ainda destina bilhões em créditos subsidiados para o setor.

O agronegócio é o principal responsável pela destruição do meio ambiente no Brasil.

O Rio Grande do Sul é o exemplo dessa ofensiva dizimadora.

O estado tem cerca de 4 milhões de hectares de cobertura vegetal, o que equivale a 15% do seu território. Em 2023, na sua porção norte, o desmatamento atingiu 113% da floresta nativa. Foram mais de 6 mil campos de futebol de área suprimida, para dar lugar à monocultura e à pecuária.

Essa prática predatória tem achado guarida na política anti-meio ambiente do governador Eduardo Leite, que promulgou em 2020 a Licença Ambiental por Adesão e Compromisso (LAC), instrumento que dá ao agronegócio o poder de auto licenciar suas atividades de impacto ambiental.

O desastre no Rio Grande do Sul é resultado da ação humana orquestrada entre capital (agronegócio(l e governo.

A compactação feita por bois e máquinas retirou o poder de drenagem do solo e a flexibilização das leis ambientais permitiu um processo produtivo destruidor da natureza.

Como era de se esperar desse setor que envolve os 0,01% mais ricos do país, nenhum centavo foi dado para apoiar as famílias gaúchas que perderam tudo com a cheia dos rios e as chuvas. O bandido sempre foge e abandona suas vítimas. Não é diferente com esses senhores da morte.

O agronegócio não tem compromisso ambiental e social. Como é todo mecanizado, quase não gera emprego e sua produção é toda para exportação. O que fica no Brasil é o mínimo, diante de tantos benefícios tributários.

É preciso deixar claro que a vilã não é a natureza. Esta apenas reage às agressões e termina por afetar quem menos tem culpa. Os senhores da destruição continuarão mais ricos e o planeta cada vez mais em risco.

 

Lúcio Carril 

Sociólogo