Organização condena plano de Israel e dos EUA de controle da distribuição da ajuda humanitária no território

Kelly Dilworth, MSF anesthetist has been called to the emergency ward in Shifa hospital. "We expect an influx of wounded in Shifa in the morning." According to the UN, there would have been 17 deaths and 117 injured in one night of July 19 to 20, 2014

A proposta dos Estados Unidos e de Israel de controlar a distribuição de suprimentos sob o pretexto de fornecer ajuda humanitária levanta graves preocupações humanitárias, éticas, de segurança e legais, alerta Médicos Sem Fronteiras (MSF). Condicionar a provisão de assistência ao deslocamento forçado e ao controle da população é mais uma ferramenta na campanha contínua de limpeza étnica da população palestina. MSF rejeita e condena veementemente qualquer plano que reduza ainda mais a disponibilidade de ajuda e a sujeite aos objetivos da ocupação militar israelense.

Estamos testemunhando, em tempo real, a criação de condições para a aniquilação de vidas palestinas em Gaza, declara MSF.

A obstrução da ajuda humanitária é uma violação direta da Resolução 2720 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que exige a entrega desimpedida de assistência humanitária aos civis.

As alegações de que a ajuda está sendo desviada pelo Hamas permanecem não verificadas e não justificam de forma alguma tais medidas. Como potência ocupante, Israel precisa facilitar a ajuda humanitária imparcial para a população que dela necessita.

A Organização das Nações Unidas (ONU), os países-membros da União Europeia e todos aqueles que têm influência sobre Israel devem utilizar urgentemente sua força política e econômica para impedir a instrumentalização da ajuda humanitária. É preciso permitir que suprimentos humanitários, alimentos, combustível e medicamentos cheguem à população de Gaza agora.

Desde a retomada dos ataques de Israel e o bloqueio total da entrada de ajuda em 2 de março, Gaza se tornou um inferno na Terra para os palestinos. A sobrevivência deles está à mercê das autoridades israelenses, que estão negando a toda a população o acesso a alimentos, água, cuidados médicos e abrigo.

Israel continua com sua campanha de limpeza étnica, destruindo deliberadamente as condições necessárias para a vida.

Organizações como a World Central Kitchen e o Programa Mundial de Alimentos (PMA) anunciaram que não têm mais estoques de alimentos disponíveis em Gaza: a maioria das cozinhas comunitárias e padarias fechou.

As equipes médicas de MSF na Cidade de Gaza observaram um aumento de 32% no número de pacientes que apresentaram desnutrição nas últimas duas semanas.

A redução dos estoques de combustível está limitando a capacidade de dessalinizar e distribuir água. As instalações de saúde que ainda funcionam – já criticamente inadequadas em número e capacidade para a população – ainda estão sendo atacadas e sofrem com a rápida diminuição da disponibilidade de medicamentos e outros insumos indispensáveis.

As equipes de MSF em Gaza não recebem suprimentos há 11 semanas e enfrentam escassez crítica de itens médicos essenciais, como compressas e luvas esterilizadas.

As ordens de evacuação de Israel e as zonas militares proibidas agora cobrem 70% de Gaza. A população foi transferida à força de um lugar para outro, e nenhuma área de Gaza foi poupada dos ataques. A situação é tão desesperadora que equipes de MSF trataram e deram alta a pacientes para depois vê-los retornar com novos ferimentos.

O plano israelense de instrumentalizar a ajuda é uma resposta cínica à própria crise humanitária que eles criaram. Se quisessem, Israel e seus aliados poderiam suspender o bloqueio hoje e permitir que a ajuda humanitária chegasse a todos os habitantes de Gaza cuja sobrevivência depende dela.

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