Por Maria Santana Souza – Comentário direcionado à ministra Marina Silva revela traços de discriminação de gênero, violência simbólica e deslegitimação da presença feminina em espaços de decisão.
Durante sessão no Senado Federal, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) dirigiu-se à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, com uma fala que gerou indignação nas redes sociais e entre especialistas em gênero e política: “Ministra Marina, que bom reencontrá-la! E, ao olhar para a senhora, eu estou vendo uma ministra, eu não estou falando com uma mulher. Porque a mulher merece respeito; a ministra, não”.
A frase carrega camadas profundas de misoginia institucional e desrespeito à autoridade feminina. Segundo especialistas, o comentário estabelece uma distinção inaceitável entre “mulher” e “ministra”, como se o exercício de uma função pública retirasse da mulher sua dignidade. Ao iniciar com um tom aparentemente cordial (“que bom reencontrá-la”), o senador usa a estratégia clássica de suavizar uma fala agressiva. Isso é comum em discursos discriminatórios mais sutis, que tentam escapar da responsabilização direta.