Encerra no próximo dia 19 (sábado) o projeto ‘Viva Cinemateca’ no Cine Carmen Miranda, em Manaus, com ficções, documentários e animações selecionadas para a mostra RESISTÊNCIAS CINEMATOGRÁFICAS, que abordam direta e indiretamente os períodos de repressão tão recorrentes na história do país.

Em O caso dos irmão Naves (1967), o cineasta Luiz Sergio Person se baseia em um caso real ocorrido em 1937, durante o Estado Novo, para retratar um dos piores erros jurídicos da história do Brasil. Além deste, mais nove filmes completam a programação, entre 17 e 19 de julho, com acesso gratuito.

Diversos episódios do governo militar são tema da maioria dos títulos. Inspirados no sequestro do embaixador Charles Burke Elbrick, o nomeado para o Oscar® de Melhor Filme Estrangeiro, O que é isso, companheiro? (1997), de Bruno Barreto.

Já o esquema de financiamento da repressão violenta à luta armada é revelado em Cidadão Boilesen (2009), de Chaim Litewski. Essas estratégias e as torturas praticadas pela ditadura são evidentes nos importantes relatos presentes nos filmes Libertação de Inês Etienne Romeu (1979), de Norma Bengell .

Já a atmosfera de tensão e a mentalidade dessa época são contextualizadas nas entrelinhas do documentário de Arnaldo Jabor, A opinião pública (1966), na ironia de Pra frente Brasil (1982), de Roberto Farias, e no sensível O ano em que meus país saíram de férias (2006), de Cao Hamburguer.

Também ambientado em um país fictício na América Latina, o curta baseado no conto homônimo de Olney São Paulo, Manhã Cinzenta (1969), critica o autoritarismo com imagens impressionantes das manifestações de rua de 1968.

Em homenagem aos 40 anos do filme e aos 10 anos de falecimento do cineasta Eduardo Coutinho, a curadoria inclui novamente Cabra marcado para morrer (1964-1984), cujas filmagens foram interrompidas em 1964 e retomadas dezessete anos depois para concluir a trajetória de seus personagens durante os longos anos do regime militar.

17 DE JULHO, QUINTA-FEIRA

17h30 A OPINIÃO PÚBLICA

Brasil (RJ), 1966, 72 min, P&B, Livre

Direção: Arnaldo Jabor Elenco: Jerry Adriani, Yoná Magalhães, Curandeira Isaltina, Fernando Garcia

Sinopse: Por meio de depoimentos de estudantes, a classe média carioca é retratada de maneira a salientar seus gestos, seus gostos, e sobretudo sua distância frente a realidade brasileira.

19h O QUE É ISSO, COMPANHEIRO?

Brasil (RJ), 1997, Cor, 105 min, 14 anos

Direção: Bruno Barreto Elenco: Pedro Cardoso, Alan Arkin, Fernanda Torres, Cláudia Abreu, Luiz Fernando Guimarães, Selton Mello, Matheus Nachtergaele, Caio Junqueira, Fernanda Montenegro, Milton Gonçalves, Othon Bastos, Alessandra Negrini, Lulu Santos, Harry Stone

Sinopse: O Brasil atinge o auge da ditadura militar após a decretação do AI-5, em dezembro de 1968, que provoca radical censura à imprensa, assim como a perda dos direitos civis do cidadão brasileiro. Inúmeros militantes de esquerda eram presos e torturados. Em meados de 1969, um grupo de jovens da classe média carioca opta pela clandestinidade e pela luta armada. Para romper o “muro do silêncio” da imprensa, esses jovens pertencentes ao movimento clandestino de esquerda MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) tramam o sequestro de um embaixador americano. Em troca da sua liberação, exigem a leitura de um manifesto em cadeia de televisão e a libertação de 15 companheiros presos.

18 DE JULHO, SEXTA-FEIRA

17h30 MANHÃ CINZENTA

Brasil (RJ), 1969, 18 min, p&b

Direção: Olney São Paulo Elenco: Sonélio Costa, Janete Chermont, Maria Helena Saldanha, Jorge Dias, Nestor Noya

Sinopse: Um casal de estudante segue para uma passeata onde o rapaz, um militante, lidera um comício. Eles são presos durante a manifestação, torturados na prisão e sofrem um inquérito absurdo dirigido por um robô e um cérebro eletrônico.

17h50 – A LUTA DO POVO

cópia restaurada

Brasil (SP), 1980, Cor, 30 min, Livre

Direção: Renato Tapajós Elenco: David José (narração)

Sinopse: A partir do enterro do operário Santo Dias da Silva, o filme aborda o movimento operário entre 1978 e 1980.

18h20 LIBERTAÇÃO DE INÊS ETIENNE ROMEU

Brasil (RJ), 1979, Cor, 11 min, Livre

Direção: Norma Bengell Elenco: Inês Etienne Romeu, Maria Romeu, Lúcia Romeu, Elisabeth Romeu, Anita Romeu, Geralda Romeu, Cristina Oliveira Lira, Norma Bengell, Sônia Nercessian

Sinopse: 29 de agosto de 1979, Instituto Penal Talavera Bruce, Bangu, Rio de Janeiro. Após cumprir oito anos de pena, Inês Etienne Romeu, única sobrevivente da “Casa da Morte” de Petrópolis e primeira presa política condenada à prisão perpétua no Brasil, deixava o cárcere beneficiada pela Anistia. Norma Bengell filmou esse momento: da porta da cadeia à residência com a família, Inês foi recebida por familiares, amigos e membros do Comitê Brasileiro de Anistia, no que marcou o primeiro ato da denúncia histórica que Inês levaria adiante contra os seus algozes e o Regime Militar.

18h30 – CIDADÃO BOILESEN

Brasil (RJ), 2009, 93 min, Cor/P&B, 14 anos

Direção: Chaim Litewski Elenco: Fernando Henrique Cardoso, Celso Amorim, Jarbas Passarinho, Erasmo Dias, Dom Paulo Evaristo Arns

Sinopse: Um capítulo sombrio da ditadura militar brasileira revela o financiamento da repressão violenta à luta armada por grandes empresários. Henning Albert Boilesen, presidente do grupo Ultra, é destacado por suas ligações com a ditadura, sua participação na criação da Oban (Operação Bandeirante) e por alegações de assistir a sessões de tortura. Depoimentos de figuras como Erasmo Dias, Paulo Egydio Martins e antigos presos políticos, como Carlos Eugênio Sarmento da Paz e Jacob Gorender, dão contornos a essa história.

20h O CASO DOS IRMÃOS NAVES

cópia restaurada

Brasil (SP), 1967, 92 min, P&B, 14 anos

Direção: Luiz Sergio Person Elenco: Anselmo Duarte, Raul Cortez, Juca de Oliveira, Sérgio Hingst, John Herbet, Lélia Abramo, Cacilda Lanuza, Julia Miranda

Sinopse: Na pacata cidade de Araguari (MG), os irmãos Sebastião e Joaquim Naves denunciam à polícia o desaparecimento de seu sócio com o dinheiro da venda de uma grande safra de arroz. De denunciantes passam a réus, depois que o tenente que investiga o caso chega à conclusão de que os dois mataram o sócio para ficar com o dinheiro. Barbaramente torturados, os irmãos confessam o crime que não cometeram e são condenados. O filme é baseado em um caso real, ocorrido em 1937 durante o Estado Novo, e considerado um dos piores erros jurídicos da história do Brasil.

19 DE JULHO, SÁBADO

16h CABRA MARCADO PARA MORRER

cópia restaurada

Brasil (RJ), 1964 – 1984, Cor/P&B, 119 min, 12 anos

Direção: Eduardo Coutinho Elenco: Eduardo Coutinho, Elizabete Altino Teixeira, João Virgílio Silva, José Daniel do Nascimento, João José do Nascimento, Cícero Anastácio da Silva, Braz Francisco da Silva, Severino Coutinho

Sinopse: As filmagens sobre a vida do líder da Liga Camponesa de Sapé (PB), João Pedro Teixeira, assassinado em 1962, são interrompidas pelo golpe militar em 1964. Dezessete anos depois, o diretor Eduardo Coutinho retoma o projeto, e as personagens do filme interrompido se tornam protagonistas.

18h O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS

Brasil (SP), 2006, 90 min, cor, 10 anos

Direção: Cao Hamburger, Cláudio Galperin Elenco: Michel Joelsas, Germano Haiut, Simone Spoladore

Sinopse: 1970. Mauro (Michel Joelsas) é um garoto mineiro de 12 anos, que adora futebol e jogo de botão. Um dia sua vida muda completamente, já que seus pais saem de férias de forma inesperada e sem motivo aparente para ele. Na verdade, os pais de Mauro foram obrigados a fugir por serem de esquerda e serem perseguidos pela ditadura, tendo que deixá-lo com o avô paterno (Paulo Autran). Porém o avô enfrenta problemas, o que faz com que Mauro tenha que ficar com Shlomo (Germano Haiut), um velho judeu solitário que é seu vizinho. Enquanto aguarda um telefonema dos pais, Mauro precisa lidar com sua nova realidade, que tem momentos de tristeza pela situação em que vive e também de alegria, ao acompanhar o desempenho da seleção brasileira na Copa do Mundo.

19h30 PRA FRENTE BRASIL

Brasil (RJ), 1982, Cor, 110 min, 16 anos

Direção: Roberto Farias Elenco: Reginaldo Farias, Antônio Fagundes, Natália do Vale, Elizabeth Savalla, Carlos Zara, Paulo Porto, Jorge Couri

Sinopse: Em 1970, enquanto o país inteiro se empolga com a seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo no México, prisioneiros políticos são submetidos a torturas nos porões da ditadura militar. Esses acontecimentos são vistos através da ótica de uma família, quando um de seus membros, um tranquilo trabalhador de classe média, é erroneamente identificado como ativista político e “desaparece”.

PROJETO VIVA CINEMATECA

O Viva Cinemateca foi lançado em junho de 2023 voltado a ações de preservação de importantes acervos e coleções da Cinemateca Brasileira, como a coleção dos filmes em nitrato, agora recuperados, e o acervo do Canal 100 – o próximo grande projeto da instituição.

Ao longo de sua realização, o Viva Cinemateca incluiu ações educativas e de difusão como a mostra de cinema e a exposição A CINEMATECA É BRASILEIRA, que percorreram 15 cidades de todas as regiões do país, o FESTIVAL CULTURA E SUSTENTABILIDADE, as mostras POVOS ORIGINÁRIOS DA AMÉRICA LATINA e MULHERES PIONEIRAS DO CINEMA, e os cursos de FORMAÇÃO TÉCNICA E CULTURAL, gratuitos, em formatos presencial e on-line com transmissão ao vivo pelo canal da instituição no Youtube.

PATROCINADORES

O Projeto Viva Cinemateca conta com o patrocínio estratégico do Instituto Cultural Vale, com o patrocínio master da Shell, e Itaú Unibanco, como copatrocinador. Aprovado na Lei Rouanet, o projeto permite a empresas e pessoas físicas destinarem parte do imposto de renda para a iniciativa (Art. 18 da Lei Federal de Incentivo à Cultura).

SOBRE O INSTITUTO CULTURAL VALE

O Instituto Cultural Vale acredita que a cultura transforma vidas. É o maior apoiador privado da Cultura no Brasil, patrocinando e fomentando projetos em parcerias que promovem conexões entre pessoas, iniciativas e territórios. Seu compromisso é contribuir com uma cultura cada vez mais acessível e plural, ao mesmo tempo em que atua para o fortalecimento da economia criativa.

Desde a sua criação, em 2020, o Instituto Cultural Vale já esteve ao lado de mais de 800 projetos em 24 estados e no Distrito Federal, contemplando as cinco regiões do país com investimento de mais de R$ 1 bilhão em recursos próprios da Vale e via Lei Federal de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet. Dentre eles, uma rede de espaços culturais próprios, com visitação gratuita, identidade e vocação únicas: Memorial Minas Gerais Vale (MG), Museu Vale (ES), Centro Cultural Vale Maranhão (MA) e Casa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA). Onde tem Cultura, a Vale está. Visite o site do Instituto Cultural Vale: institutoculturalvale.org

SOBRE A SHELL BRASIL

Há 111 anos no país, a Shell é uma companhia de energia integrada com participação em Upstream, Gás Natural, Trading, Pesquisa & Desenvolvimento e no Desenvolvimento de Energias Renováveis, com um negócio de comercialização no mercado livre e produtos ambientais, a Shell Energy Brasil. Aqui, a distribuição de combustíveis é gerenciada pela joint-venture Raízen. A companhia trabalha para atender à crescente demanda por energia de forma econômica, ambiental e socialmente responsável, avaliando tendências e cenários para responder ao desafio do futuro da energia.

CINEMATECA BRASILEIRA

A Cinemateca Brasileira, maior acervo de filmes da América do Sul e membro pioneiro da Federação Internacional de Arquivo de Filmes – FIAF, foi inaugurada em 1949 como Filmoteca do Museu de Arte Moderna de São Paulo, tornando-se Cinemateca Brasileira em 1956, sob o comando do seu idealizador, conservador-chefe e diretor Paulo Emílio Sales Gomes. Compõem o cerne da sua missão a preservação das obras audiovisuais brasileiras e a difusão da cultura cinematográfica. Desde 2022, a instituição é gerida pela Sociedade Amigos da Cinemateca, entidade criada em 1962, e que recentemente foi qualificada como Organização Social. O acervo da Cinemateca Brasileira compreende mais de 40 mil títulos e um vasto acervo documental (textuais, fotográficos e iconográficos) sobre a produção, difusão, exibição, crítica e preservação cinematográfica, além de um patrimônio informacional online dos 120 anos da produção nacional. Alguns recortes de suas coleções, como a Vera Cruz, a Atlântida, obras do período silencioso, além do acervo jornalístico e de telenovelas da TV Tupi de São Paulo, estão disponíveis no Banco de Conteúdos Culturais para acesso público.

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