Radka Argirova, uma das primeiras virologistas da Bulgária, trabalhava em um instituto de pesquisa avançada na capital do país, Sofia, na década de 1980.
Ela havia feito obtido seu doutorado no respeitado Instituto Ivanovski de Moscou no início dos anos 1970 e amava seu trabalho.
“Eu trabalhava em um dos laboratórios da Academia de Ciências da Bulgária e havia um laboratório de virologia muito interessante naquele instituto”, disse Argirova à BBC.
Um dos vírus humanos que ela e seus colegas estudavam era o HIV.
Sua equipe analisava a trajetória do vírus desde o fim dos anos 1970 e acompanhava a literatura científica de fora do país.
O vírus HIV até podia ser conhecido, mas a doença implacável que ele aparentemente provocava permanecia um mistério.
Um mistério que as autoridades búlgaras não estavam interessadas em solucionar, mas Argirova, sim.
Por isso, em 1985, durante uma conferência em Hamburgo, então Alemanha Ocidental, ela tomou uma decisão radical: pediu a um colega alemão que preparasse o HIV em seu laboratório e o embalasse em um frasco (do tamanho de um telefone celular atual).
“Era vermelho e não dava para ver o vírus ou as células. Era como vinho tinto e tinha dois frascos: um com células infectadas e outro com células não infectadas”, diz a virologista à BBC.
“Peguei os frasquinhos, coloquei na bolsa e viajei para Frankfurt, de onde peguei o voo para Sofia.”
Fonte: BBC Brasil Instagram