O governo dos Estados Unidos anunciou nesta terça-feira (15) a abertura de uma investigação formal sobre práticas comerciais adotadas pelo Brasil, sob a alegação de que medidas brasileiras estariam prejudicando empresas e exportadores americanos. A iniciativa foi confirmada pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês), que citou “barreiras regulatórias injustificadas” e “subsídios distorcivos” em setores estratégicos.

Segundo comunicado oficial do USTR, a investigação foi motivada por queixas de associações empresariais americanas dos ramos agrícola e industrial, que apontam aumento de tarifas, exigências sanitárias consideradas excessivas e políticas de conteúdo nacional como obstáculos às exportações dos EUA ao mercado brasileiro.

“Estamos comprometidos em garantir que parceiros comerciais respeitem regras internacionais e não prejudiquem nossos trabalhadores e produtores”, disse a representante de comércio dos EUA, Katherine Tai. Ela acrescentou que Washington pretende recorrer aos mecanismos da Organização Mundial do Comércio (OMC), caso as questões não sejam resolvidas por meio do diálogo.

O Itamaraty reagiu prontamente ao anúncio, afirmando que o Brasil atua “em conformidade com as normas da OMC” e que está disposto a dialogar com os Estados Unidos para esclarecer os pontos levantados. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores declarou que políticas brasileiras para estimular a indústria nacional e proteger a saúde pública “são legítimas e proporcionais”.

Analistas avaliam que a abertura da investigação aumenta a tensão comercial entre os dois países, embora não signifique automaticamente a imposição de sanções ou tarifas adicionais. “Esse tipo de processo é comum, principalmente em anos eleitorais nos EUA, e serve para dar uma resposta às demandas internas”, explicou a economista Camila Tavares, do Instituto Brasileiro de Comércio Exterior.

A investigação terá um prazo inicial de até 12 meses para ser concluída. Caso Washington considere que as práticas brasileiras violam acordos comerciais, poderá apresentar queixa formal à OMC ou adotar medidas unilaterais, como sobretaxas.

Nos últimos anos, Brasil e EUA têm ampliado o comércio bilateral, mas também protagonizado disputas em áreas como o etanol, o aço e produtos agrícolas. Em 2024, os EUA foram o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China.

Da Redação

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