A pré-estreia do longa-metragem Mawé será realizada nesta quarta-feira (28), às 20h, no Teatro Amazonas, em Manaus. Mais do que uma exibição, o evento marca o lançamento de uma obra cinematográfica que mergulha na ancestralidade do povo Saterê-Mawé e em sua relação com o mundo contemporâneo. Um dos pontos altos do filme é, sem dúvida, sua trilha sonora original — uma criação que dá corpo, ritmo e emoção à narrativa. Com composições autorais e uma seleção musical potente, a trilha de Mawé traduz em som a força da Amazônia, estabelecendo pontes entre a floresta, a vida urbana e o imaginário afetivo do território. Ela não apenas ambienta a história, mas também aprofunda sua dimensão simbólica, conduzindo o espectador por uma jornada sensorial.
Entre os destaques está “Saterê-Mawé”, faixa-tema do filme composta por Marcos Terra-Nova. A canção nasceu de um processo criativo que envolveu pesquisa cultural e diálogo direto com o roteiro do longa. “Eu fiz uma pesquisa sobre a cultura Mawé e também com base no roteiro que o Jimmy me passou. Procurei fazer uma relação entre as duas coisas, linkando os dilemas da cultura e tradição com as influências da religião, política e da urbana!”, conta o compositor.
A criação da música levou cerca de uma semana, mas os arranjos e ajustes se estenderam por meses. Terra-Nova gravou todos os instrumentos da faixa, buscando respeitar a musicalidade dos rituais tradicionais do povo Mawé. “Eu fiz todos os arranjos e gravei todos os instrumentos tentando manter a cadência das músicas dos rituais. O ritmo, no caso!”, explica.A relação do artista com a música e o cinema é profunda e vem desde a infância. “Meu pai, por ser técnico em eletrônica, conseguia filmes em VHS antes mesmo das locadoras. Então eu assistia Poltergeist, ET, Caçadores da Arca Perdida. Não tinha nem legenda!”, relembra. “Eu já me fascinava com as trilhas sonoras desses filmes. Sempre valorizei muito esse lance de emotividade sonora. A música tempera filmes em seus grandes atos e desfechos. Tipo Alien, o Oitavo Passageiro, 2001, entre outros.”Essa valorização da música como elemento narrativo está presente em cada detalhe da trilha de Mawé. O videoclipe de “Saterê-Mawé”, editado por Castro Jr. com imagens do próprio longa, foi lançado como peça promocional, funcionando também como um tributo audiovisual à força sonora do Norte.
Em Mawé, o som não é apenas trilha: é memória, identidade e emoção. A música transforma o filme em uma experiência viva — algo que se vê, se ouve e se sente profundamente.A seleção musical conta com artistas, bandas e compositores que representam diferentes vertentes da música amazônica. Confira a lista de faixas presentes no filme:
Vento da Floresta – Marcelo Ipanema & Izumê
Satere MAWÉ – Marcos Terra Nova
Luciana – Banda Chá de Flores
Qual é – Banda Espantalho
Não Por Dentro – Banda Infâmia
Zumbi de Bar – Banda Antiga Roll
Uso Negro – Pacato Plutão
Exponha-se – Pacato Plutão
Serpenteia – Banda Os Tucumanus
120 Ponta Negra – Banda Os Tucumanus
Rabeta – Roberto Rios
Trajetória – Banda Platinados
Tudo o que Há de Mais Safado – Banda Platinados
Cifra 666 – Banda Charlie Perfume
Trilogia – Banda Olhos Imaculados
Decadência Progressiva – Banda O Tronxo
Transmudando – Banda O Tronxo
Tu Já Ficou de Encontro Com o Teu Próprio Ser? – Banda O Tronxo
Alvorecer – Carlos Gomes
Para o diretor Jimmy Christian, “a Amazônia é potência estética, espiritual e sonora. Promover o que é nosso sempre foi uma prioridade, e com a trilha sonora não seria diferente. A música no filme não está só para embalar a história — ela é parte da história.”Ele também comenta sobre a expectativa para a exibição: “A pré-estreia no Teatro Amazonas tem um simbolismo imenso para nós. Ver a casa cheia, com todos os convidados presentes, é o reflexo da força coletiva que construiu este filme. É uma noite de celebração, de pertencimento e de afirmação do nosso lugar no cinema brasileiro”, convida.
Sinopse
No coração da floresta amazônica, o povo Sateré Mawé preserva um dos rituais de passagem mais intensos da cultura originária: a dolorosa prova das luvas de formigas tucandeiras. O jovem Mawé, ao se recusar a enfrentar o desafio imposto pelo cacique Sahu, é expulso da aldeia e parte rumo a Manaus.
Na cidade, cresce imerso nos desafios e desencontros do mundo urbano, até reencontrar, anos depois, um novo sentido ao se apaixonar por Luciana, artista e modelo fotográfica. O reencontro com o afeto desperta nele uma jornada de reconciliação entre passado e presente, entre floresta e cidade, entre tradição e transformação. Com aproximadamente uma hora e quarenta minutos de duração, o filme mergulha em temas como pertencimento, espiritualidade e identidade.
A produção é resultado de um processo coletivo que envolveu os editores Orlando K Jr. e Fernando Crispim, além de uma equipe formada majoritariamente por artistas e técnicos amazônidas.Filmado em resolução digital 4K, no formato 16:9, Mawé tem classificação indicativa de 18 anos.
O projeto é uma realização de Jimmy Christian, em coprodução com Laxunga Produções e Picote Produções. A produção foi contemplada pelo edital da Lei Paulo Gustavo (2023), reafirmando o fortalecimento do audiovisual amazônico como ferramenta de expressão, cultura e resistência. Para garantir presença, é necessário enviar nome completo e telefone para o e-mail: [email protected]
Elenco principal: Alice Toledo, Afrânio Pires, Bruno Castro, Max Caracol, Laura Castello, Rômulo Moreira, Jimmy Christian, Osmar Nogueira, Ismael Sahu, Rhalp Xavier, César Motorock, Marcos Ney, Márcia Vinagre, Marcos John, Camila Vênus, Aline Caminha, Paulo Oberdan, Luis Antônio Pollari, entre outros.
Ficha Técnica
- Produção: ArtecontemporaneapuraFILMS
- Co-produção: La Xunga Produções e Picote Produções
- Produção Executiva, Direção, Roteiro: Jimmy Christian
- Assistentes de Direção: André Cunha, Renata Paula
- Coordenação de Produção: Max Caracol
- Assistentes de Produção: Erik Maximiano, Ney Maciel
- Direção de Fotografia: Orlando K Jr
- Assistente de Fotografia: Daniel Lopes Comapa
- Câmeras: Bruno Kelly, Michael Dantas, Jimmy Christian
- Montagem e Edição: Jimmy Christian, Fernando Crispim Sanches, Orlando K Jr
- Color Grading e Mixagem: Erlan Moraes
- Teaser: Manoel Castro Jr
- Direção de Arte: Villy Gouveia
- Figurino: Paulo Oberdan
- Trilha Sonora Original: Marcos Terra Nova
- Som Direto: Reldson de Paula
- Assistente de Som: Christian Bellotto
- Finalização: Kuênaka
- Dublagem: Studio 301 Manaus
- Narração Indígena: Dilaerde Michilis Saterê
- Professores de Língua Indígena: Jeane Morepeí, WATY Leliane Sateré
- Assistência de Preparação de Atriz: Jackeline Monteiro
- Foto Still/Cartaz: Alex Pazuello
- Cabeleireiro: Ribamar Fernandes
- Peruqueira: Karla Slash
- Designers: Bruna Abreu, Isabelly Vieira, Lucas Carvalho
Sateré Mawé (Marcos Terra Nova)
Qual é a minha tribo?
Qual é tua nação?
Por que foste banido?
Qual é a tradição?
Aceita Jesus Cristo?
Aceita a ONG?
Teu nome está escrito na terra pra vender…
Sou Sateré Mawé filho de waranã (Guaraná)
Vela meu coração, eu guardo a minha fé
Tupana atipe pe (“Deus” que está no céu) cuidando meus irmãos
Olho que cai no chão, faz brotar novo pé
De quem foste parido?
Quem é o teu patrão?
Você diz que é bandido
Eu digo que és não
Eu sei que estás ferido
Sei da desilusão
O mal traz seu castigoe o amor a redenção
Não importa se tu és filho de Deus ou de Tupana
Na mata ou na savana
Eu sei que você ama
Eu vejo Nosuken (é a ideia mawé de paraíso)
Sou Sateré Mawé filho de waranã
Vela meu coração, eu guardo a minha fé
Tupana atipe pe cuidando meus irmãos
Olho que cai no chão, faz brotar novo pé
Eu sei que tu és filho de Deus e de Tupana
Na mata ou na savana
Eu sei que você ama
Eu vejo Nosuken
Sou Sateré Mawé
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