O fortalecimento da cooperação entre o Brasil e os países caribenhos avança de forma significativa com a realização da Cúpula Brasil-Caribe, nesta sexta-feira 13 de junho, em Brasília. O encontro resultou na assinatura de uma série de acordos e memorandos de entendimento que ampliam a integração regional e aprofundam parcerias em áreas estratégicas, como desenvolvimento social, conectividade, intercâmbio de conhecimentos técnicos, gestão pública e ciência e tecnologia.
Estou animado com os resultados que alcançamos e com o trabalho que temos pela frente. Brasil e Caribe abrem uma nova etapa de integração, desenvolvimento sustentável e prosperidade para nossos povos
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Presidente da República
“Estou animado com os resultados que alcançamos e com o trabalho que temos pela frente. Brasil e Caribe abrem uma nova etapa de integração, desenvolvimento sustentável e prosperidade para nossos povos”, declarou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Entre os atos assinados durante a cúpula, destaca-se o Acordo de Cooperação Técnica com as Bahamas, que estabelece as bases para o desenvolvimento de programas e projetos conjuntos, orientando a implementação da cooperação entre os dois países em diversas áreas. Foram firmados acordos sobre serviços aéreos com Barbados e com o Suriname, para oferecer maior segurança jurídica às operações entre os países, com o objetivo de impulsionar o comércio, o turismo e a integração regional.
Na área de capacitação diplomática, foi assinado um memorando de entendimento entre o Instituto Rio Branco (IRBr) e o Instituto de Educação Superior em Formação Diplomática e Consular (INESDYC), da República Dominicana. O documento prevê o intercâmbio de alunos e boas práticas entre as instituições. Outro memorando com a República Dominicana, desta vez na área de gestão pública, estabelece mecanismos de cooperação voltados à melhoria dos serviços públicos. O entendimento prevê o intercâmbio de conhecimentos e experiências com foco na gestão de pessoas, inovação institucional e fortalecimento da administração pública.
Brasil e Cuba formalizaram um memorando de entendimento entre o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente cubano. A parceria visa apoiar pesquisas e estudos científicos desenvolvidos por instituições dos dois países, incentivando a cooperação acadêmica e tecnológica.
ALIANÇA — Barbados, Cuba, Santa Lúcia e o Banco de Desenvolvimento do Caribe anunciaram a adesão à Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza durante a cúpula. A iniciativa passa a contar agora com 101 países, de um total de 192 membros, entre os quais se encontram organizações internacionais, bancos multilaterais de desenvolvimento, entidades filantrópicas e da sociedade civil. Foi apresentado ainda o Plano de Ação do Haiti para implementação acelerada da Aliança Global, primeiro país da região apto a receber recursos financeiros e cooperação técnica no âmbito do mecanismo de parcerias.
Durante declaração à imprensa, a primeira-ministra de Barbados e presidente da CARICOM, Mia Mottley, destacou a importância da solidariedade internacional no combate à fome e à pobreza. Ela elogiou a liderança do Brasil e o compromisso do presidente Lula com políticas de inclusão social. Mottley também ressaltou o papel inspirador das políticas sociais brasileiras, como as transferências de renda, e defendeu a centralidade da compaixão nas decisões econômicas.
“Gostaria de parabenizá-lo, presidente, não apenas por sua atuação à frente do Brasil, mas por toda uma trajetória dedicada a garantir que aqueles que não tiveram oportunidades sejam vistos, reconhecidos em sua humanidade e incluídos como sujeitos de políticas públicas deliberadas”, pontuou. “Eu posso garantir a vocês que a civilização caribenha talvez não seja a região mais rica do mundo, mas somos abençoados com o nível de humanidade que faz com que a gente entenda o que é o bom e o mal, o que faz com que a gente defenda o bem em todas as ocasiões onde tenhamos a ocasião e a oportunidade de fazer isso”, definiu Mia Mottley.
COOPERAÇÃO HUMANITÁRIA — O governo brasileiro expressou satisfação com o avanço alcançado na negociação de acordos de cooperação entre o Brasil e a Guiana nas áreas de gestão integral de riscos e de desastres; de manejo integrado do fogo; de geociências, com ênfase em geofísica; e de prevenção e resposta a emergências no setor de petróleo.
No plano institucional, o Brasil também está em processo de negociação de acordos similares com a Comunidade do Caribe (CARICOM), que enviou delegação da Agência Caribenha de Gestão de Emergências de Desastres (CDEMA), da Organização Meteorológica Caribenha (CMO), do Instituto Caribenho de Meteorologia e Hidrologia (CIMH) e do Centro de Pesquisas Sísmicas da Universidade das Índias Ocidentais (UWI-SRC) para reuniões com potenciais entidades cooperantes brasileiras no período de 9 a 13 de junho corrente, no Rio de Janeiro, em São José dos Campos (SP), em Franco da Rocha (SP) e em Brasília.
RELAÇÃO BILATERAL — O Caribe é uma região de importância crescente para a política externa brasileira. Os países caribenhos compartilham com o Brasil desafios e prioridades em áreas como segurança alimentar, meio ambiente, energia e desenvolvimento sustentável. Apesar do potencial, o intercâmbio comercial entre o Brasil e os países do Caribe ainda é modesto e concentrado em poucos produtos, como alimentos processados (soja, milho, carnes), petróleo, máquinas, produtos químicos e fertilizantes.
O Brasil tem buscado fortalecer os laços de cooperação com o Caribe, especialmente por meio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), em áreas como saúde, agricultura, capacitação técnica e defesa civil. Iniciativas de cooperação triangular também vêm sendo implementadas com o apoio de organismos internacionais.
COMÉRCIO — Em 2024, a corrente de comércio do Brasil com os países caribenhos atingiu cerca de US$ 4 bilhões, com significativo superávit brasileiro. Há oportunidades para diversificação e expansão das exportações brasileiras, especialmente de alimentos, medicamentos, combustíveis e bens industrializados.
