A luta pela sobrevivência sempre esteve entre as prioridades que norteiam as sociedades durante os tempos decorridos até o presente. Desde que se tornou sedentário o homem tem construído um mundo como fruto de suas vontades sem perceber que isso o tem escravizado, de sorte que não consegue atentar para um sentido maior na vida que o cerca. Aristóteles, que se empenhou em analisar as inter-relações das sociedades de sua época, concluiu que a maioria dos homens se a semelham aos animais voltando-se apenas a uma vida de prazeres, acreditando que isso seja a felicidade que convém aos homens. Na sua ética ele propôs a vida contemplativa como atividade para alcançar o sumo bem. Sêneca filósofo romano que se embebedou na ética do estoicismo, nos legou conselhos lúcidos para encararmos a vida pratica diária. Afirma que os homens se tornam infelizes ao dedicarem-se a um modelo de vida escravizadora ao ponto de não se darem conta de que mesmo em nossa brevidade temporal podemos bem usar nosso tempo “A vida, se bem empregada, é suficientemente longa e nos foi dada com muita generosidade para a realização de importantes tarefas. Ao contrário, desperdiçada no luxo e na indiferença, se nenhuma obra é concretizada, por fim, se não se respeita nenhum valor, não realizamos aquilo que deveríamos realizar, sentimos que ela realmente se esvai. Desse modo, não temos uma vida breve, mas fazemos com que seja assim”.
Spinoza, precursor da filosofia moderna ocidental, após concluir ser “vão e fútil tudo o que costuma acontecer na vida cotidiana”, decidiu, “inquirir se existia algo que fosse o bem verdadeiro que uma vez encontrado e adquirido lhe permitisse usufruir de uma alegria continua e suprema por toda eternidade”.
Entre todos esses espíritos sábios que nos antecederam há aquele que de fato foi a plenitude de todo bem, sabedoria, vida e conhecimento. Jesus o Ungido.
Quando disse às multidões em seu tempo: “por que andais solícitos”? “Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam; eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como eles”. Nos ensinou a olhar para além de uma vida voltada ao materialismo embrutecedor que aflige a humanidade. A beleza contida em um lírio imperceptível para muitos, a serenidade que esbanja de sua beleza seria suficiente para vestir de gloria o mundo que vivemos. Mesmo sujeito as intemperes imposta pelo curso da natureza ele sempre permanece convicto de sua essência. O seu fim ultimo a que foi destinado por Deus nunca é corrompido por nada, ele imponentemente cumpre com esplendor seu oficio. Talvez por essa razão o sábio Salomão ao receber os oráculos divinos prefigurou Jesus como o Lírio dos vales. De fato o Messias sendo massacrado pela estupidez humana permaneceu exalando seu amor e beleza insondáveis ao mundo.
Hoje nossa sociedade pós-moderno por meio da explosão tecnológica e uma cultura consumista animalesca tem deslocado nosso mundo de relações á uma bolha repleta de egoísmos ao ponto que cada vez mais o sentido apurado da vida tem se esvaído. Portanto vendo esse senário avizinhar-se cada vez mais devemos recorrer aos caminhos que nos legaram os sábios que mesmo deixando essa senda mundana, nos traçaram um caminho mais excelente.